Filme português “Listen” vence Leão do Futuro e prémio especial do júri no Festival de Veneza

O Festival de Veneza deixou-se encantar por “Listen” e distinguiu o filme com o prémio Leão do Futuro – Luigi De Laurentiis, no valor de 100 mil dólares (84,4 mil euros), e atribuiu à realizadora portuguesa, Ana Rocha de Sousa, o prémio especial do júri da secção competitiva Horizontes, uma secção competitiva paralela à principal e que em 2016 tinha valido a Nuno Lopes um prémio de melhor ator (por “São Jorge”).

“Listen” é a história de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido que luta para se manter unida, contra as intenções dos serviços sociais britânicos. 

Esta é a primeira longa-metragem da também atriz, que entre 2009 e 2013 realizou quatro curtas-metragens.

Ana Rocha de Sousa, de 41 anos, fez, curiosamente, a sua estreia como atriz, ainda discreta, em 1992, na curta metragem “No Dia dos Meus Anos”, de João Botelho.

A partir de 1997, o seu rosto foi-se tornando cada vez mais presente no pequeno ecrã. A atriz integrou, ao longo dos anos, o elenco de séries que fizeram história na televisão portuguesa, como é o caso de “Riscos”, um fenómeno nacional no lançamento de novos talentos. Seguiu-se, entre outros, papéis em “A Raia dos Medos”, “Médico de Família”, “Morangos com Açúcar” e “Jura” (que terminou em 2007).

Foi depois deste último que começou a fazer a transição para trás da câmaras e logo à primeira longa-metragem mostrou-se preparada para se cimentar como realizadora.

Em “Listen”, juntou Lúcia Moniz, uma das atrizes portuguesas com maior destaque fora de Portugal à conta de “O Amor Acontece”e a pequena Maisie Sly, atriz britânica surda que em 2017 protagonizava “The Silent Child”, que venceu o Óscar de melhor curta-metragem.

Ao longo dos anos, o histórico festival europeu, que este ano teve a sua 77.ª edição, já destacou trabalhos nacionais mas os principais destaques continuam a ser para dois nomes incontornáveis do cinema nacional. Em 2007, Veneza premiou “Cristóvão Colombo – O Enigma”, de Manoel de Oliveira, como melhor filme no prémio Enguia de Ouro. Em 1989, “Recordações da Casa Amarela”, de João César Monteiro, recebeu o Leão de Ouro, o prémio maior do festival.

Ana Rocha de Sousa estudou Belas-Artes em Portugal e cinema na London Film School. Numa das entrevistas que a realizadora deu em Veneza, Ana Rocha de Sousa detalhava, num vídeo divulgado pela Fred Film Radio, o trabalho de pesquisa feito e a tentativa de ter uma base real para trabalhar a sua narrativa em “Listen”.

O filme é uma coprodução luso-britânica que só deverá chegar aos cinemas nacionais em 2021. Nos próximos tempos, deverá continuara a fazer o circuito de festivais.