Zero denuncia ameaças a espécies de flora no concelho de Beja

Escrito por em 02/03/2021

Associação Zero denuncia ameaças a várias espécies de flora no concelho de Beja.

A Associação Zero refere em comunicado ter constatado no terreno que “está a ocorrer a destruição de populações de várias espécies da flora ameaçadas, na sequência na sequência do arranque de mais um olival tradicional, com recurso a mobilizações de solo para instalação de um projeto de agricultura intensiva, junto a Beringel, concelho de Beja, dentro do perímetro de rega de Alqueva”.

De acordo com a Zero, “tratam-se de importantes populações de Linaria ricardoi (espécie de conservação prioritária do Anexo II da Diretiva Habitats, com estatuto de “Em perigo”), de Bellevalia trifoliata (estatuto de “Criticamente em perigo”), de Echium boissieri (estatuto de “Vulnerável”) e de Galium viscosum (estatuto de “Vulnerável”).

A Zero diz já ter informado o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) desta situação, “mas as expetativas em relação à eficácia de atuação da referida entidade são quase nulas, atendendo ao facto de estarmos em presença de locais que estão fora de áreas classificadas”.

A Zero diz ter também remetido esta informação à EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva, entidade que é responsável para gestão dos perímetros de rega e “tem compromissos assumidos na conservação da espécie de conservação prioritária Linaria ricardoi, atendendo que a área de distribuição desta espécie é parcialmente coincidente com as áreas sujeitas à instalação do regadio”.

Uma  situação que a Zero diz ter sido “relatada recentemente ao Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC), propondo a adição de novas áreas à ZEC que garantissem a preservação desta espécie fortemente ameaçada pelo avanço das culturas permanentes intensivas na área de Alqueva, mas o alerta da ZERO foi completamente ignorado pela equipa ministerial”.

A Associação ambientalista Zero revela que “passados mais de 20 anos sobre a designação de áreas destinadas à sua preservação, o país continua a não possuir um Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados, um arquivo de informação sobre os valores naturais classificados e as espécies vegetais ou animais a que seja atribuída uma categoria de ameaça pela autoridade nacional de acordo com critérios internacionais definidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza”.

A Zero “ exige que a atual equipa do MAAC deixe de concentrar as suas preocupações no imprudente processo de cogestão das Áreas Protegidas e centre, desde já, a sua atuação na preservação os valores naturais ameaçados, muitos dos quais localizados fora das Áreas Classificadas (Áreas Protegidas, Rede Natura 2000 e outras resultantes de compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português), encontrando os recursos humanos e financeiros para o efeito”.


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