Organizações da caça dizem que setor cinegético foi discriminado pelo Governo

Escrito por em 12/11/2020

As três principais organizações do setor da caça, FENCAÇA, CNCP e ANPC,  “não aceitam a discriminação que o Governo está a fazer ao sector cinegético e exigem ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática que determine que o exercício da caça faz parte da lista de atividades para a qual podem ser realizadas deslocações durante a pandemia”.

Em comunicado conjunto, dizem estar em causa “o facto do Governo não ter incluído expressamente a caça como atividade para a qual podem ser realizadas deslocações nos 121 concelhos onde existe dever cívico de recolhimento domiciliário, nem ter, até ao momento, considerado a caça como equiparada às exceções vigentes”.

Segundo as organizações do setor, o Governo,“deveria tê-lo feito por se tratar de uma atividade de ar livre, envolver o exercício físico, ter um caráter sociocultural e incluir a prestação de serviços, exceções que constam da lista de deslocações autorizadas”.

De acordo com o documento conjunto, “o ICNF e a GNR emitiram orientações que determinam a proibição da caça (bem como da pesca lúdica) nestes 121 concelhos, causando surpresa e enorme indignação porque a caça é uma atividade de ar livre e de grande afastamento social, logo de muito baixo risco de contágio de COVID-19, possuindo inclusivamente regras sanitárias muito bem definidas e devidamente aprovadas pela Direção Geral de Saúde, mediante parecer técnico. Em causa está a viabilidade de milhares de organizações e empresas ligadas à caça e que desenvolvem a sua atividade em zonas rurais e em povoações do interior, bem como os restaurantes e as pequenas unidades hoteleiras das zonas rurais, que têm nos caçadores os clientes que lhes permitem manter a porta aberta nesta altura do ano”.

De acordo com as organizações, “proibir a caça nesta altura é impedir o retorno de avultados investimentos feitos por empresas rurais e gestores cinegéticos que asseguram milhares de postos de trabalho permanentes e temporários e que pagaram taxas e impostos ao Estado dinamizando as economias das regiões mais desfavorecidas do País”.

FENCAÇA, CNCP e ANPC  referem ainda que “a caça é uma atividade crucial para a manutenção dos equilíbrios populacionais de espécies problemáticas e que causam elevados prejuízos na agricultura, florestas e conservação da natureza, para além de problemas sanitários gravíssimos e acidentes rodoviários, por colisão com espécies cinegéticas”.

As organizações do sector da caça de 1.º nível (FENCAÇA, CNCP e ANPC) “consideram inaceitável que o setor da caça seja injustamente e injustificadamente sacrificado quando outras atividades, com riscos de contágio muito superiores, podem continuar a sua atividade”.

As explicações foram deixadas na Rádio Vidigueira, por João Carvalho, presidente da ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade, que fala numa situação “inaceitável” e que coloca em causa o sector.


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