Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 01/07/2025

Marco Abundância 01/07/2025

A crónica de Lopes Guerreiro.

Imigração – problema ou necessidade e oportunidade?

Nos últimos anos, devido à quebra da natalidade e à emigração de trabalhadores mais qualificados, por um lado, e à crescente necessidade de mão-de-obra nalguns sectores, por outro lado, registou-se um aumento significativo de imigrantes no nosso país, que a ele acorrem na esperança de encontrarem melhores condições de trabalho e rendimento do que têm nos seus países.

Esta é exactamente a mesma razão que levou à emigração de grandes quantidades de trabalhadores portugueses, principalmente nas décadas de sessenta e setenta do século passado, devido, em grande parte, à menor necessidade de mão-de-obra na agricultura, devido à introdução da mecanização nesta.

Não só devido à emigração, mas também ao envelhecimento da população e à quebra da natalidade, começaram a escassear os trabalhadores nalgumas actividades, o que originou a necessidade de recurso a mão-de-obra imigrante.

Estes, os imigrantes, vieram para cá por uma dupla necessidade – porque precisam e ambicionam ter melhores rendimentos que lhes assegurem, a eles e às suas famílias, melhores condições de vida, e porque o País necessita deles, porque não tem trabalhadores suficientes para assegurar algumas actividades em sectores que registaram crescimento, ou, ainda, porque os trabalhadores envelheceram e se reformaram ou não querem desempenhar tarefas menos qualificadas e pior remuneradas.

Sem os imigrantes sectores como os da agricultura, do turismo e da restauração, da construção, das limpezas, mas também outros como o da saúde, teriam enormes dificuldades em desenvolverem-se.

Mas a entrada de tantos imigrantes em poucos anos no nosso País – fala-se em mais de 15% da população total, o que representará mais de 30% da população activa, um em cada três trabalhadores -, aumentou e criou novos problemas, para os quais não estávamos preparados e pouco fizemos para os acolher condignamente e integrar socialmente.

Desde logo, o choque cultural com pessoas muito diferentes, nos seus hábitos e costumes, nas suas religiões, especialmente com as vindas de países asiáticos e africanos.  Este problema foi agravado por algumas circunstâncias como o serem, na esmagadora maioria, homens jovens, afastados das respectivas famílias, a viverem amontoados em alojamentos sem o mínimo de condições, obrigando-os a vaguear, quase sempre em grupo, pelas ruas. Acresce ainda o facto de alguns não terem assegurado o prometido trabalho permanente, ficando largos períodos de tempo sem trabalho e sem rendimentos.

Se a todo este complexo ambiente juntarmos as máfias que os exploram, nalguns casos, até ao nível da escravidão, os empregadores pouco escrupulosos, apenas interessados em mão-de-obra barata sem se preocuparem em lhes assegurar o mínimo de condições dignas, e a percepção da insegurança que sobre eles, sem razões comprovadas, foi criada por forças políticas, que os usam para promover-se e às ideias populistas de que vivem, dificilmente não constituiriam também um problema.

Para além de tudo o que já apontámos, os imigrantes vieram ainda e, talvez sobretudo, expor os inúmeros problemas com que já nos debatíamos há muito, mas que se tornaram mais evidentes, a nível da habitação, da saúde, da educação, de vários serviços públicos e, naturalmente, também da segurança.

Responsabilizar os imigrantes por todos os problemas e, em especial, por problemas de insegurança que temos é não apenas irresponsável mas também não querer encarar os problemas com que nos debatemos, enquanto sociedade, e transformá-los em oportunidades de os resolvermos e promovermos o desenvolvimento sustentado.

Devemos encarar estes problemas como oportunidades, para o que precisamos de  políticas integradas e integradoras, que assegurem a todos iguais oportunidades, direitos e responsabilidades, que combatam as desigualdades e as discriminações e promovam a inclusão. Melhores condições de trabalho, acesso a habitação, saúde, educação e justiça para todos é, tem de ser, o objectivo maior de todas as políticas.

Até para a semana!

LG, 01/07/2025

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