Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 30/09/2025
Marco Abundância 30/09/2025
A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.
Campanha eleitoral para as autarquias locais
A campanha eleitoral para os órgãos das autarquias locais começou hoje e decorre até ao dia 10 de Outubro.
Quem diria que só agora começou, depois de tantas iniciativas eleitorais, incluindo debates e outros programas nos órgãos de comunicação social…
Muito se tem discutido e muito se continuará a discutir sobre o peso que a campanha eleitoral tem na capacidade de influenciar a decisão dos eleitores.
Não havendo consenso relativamente a isso, talvez possamos considerar, sem grande margem de erro, que a influência da campanha eleitoral é variável e tenderá a ser maior nas situações onde a incerteza quanto ao resultado eleitoral é maior.
Ou seja, se existem situações em que as dúvidas quanto ao vencedor parecem ser poucas, existem outras em que poucos se atrevem a apontar quem vai ganhar as eleições, tantas são as dúvidas e incertezas quanto à decisão final dos eleitores.
No caso concreto destas eleições autárquicas, a proximidade com as eleições para a Assembleia da República, recentemente realizadas, e com as eleições para a Presidência da República, que se realizam em Janeiro mas em que os putativos candidatos já estão em pré-campanha, não deixará que provocar alguma influência.
Mas, talvez, o factor geral que mais dificultará a previsibilidade dos vencedores destas eleições autárquicas, sejam as candidaturas apresentadas pelo Chega.
Porque são apenas as segundas eleições autárquicas a que apresenta candidaturas, não havendo, por isso, um histórico que permita comparar o comportamento face a outras eleições.
Porque apresenta candidatos desconhecidos em muitos municípios, aumentando, por isso mesmo, as dúvidas relativamente à forma como os eleitores vão reagir a essas candidaturas.
Saber se os eleitores dão maior importância aos candidatos ou ao partido que as apresenta parece ser outra dúvida, que, apesar de muito estudada e discutida, não tem conclusão segura.
Há quem defenda que os eleitores não gostam de “pôr todos os ovos no mesmo cesto”, que é como quem diz que não apreciam ter o mesmo partido em todos os poderes. Ora, neste momento, ter a maioria das autarquias locais é o que falta ao PSD, para ter o domínio de todos os poderes políticos em Portugal.
Há também quem defenda que os eleitores usam algumas eleições para corrigir o seu voto em anteriores eleições, cujos resultados, para que contribuíram, não desejavam.
Há ainda a considerar os programas eleitorais, que, na maioria dos casos, só agora são apresentados, quando o são, porque alguns limitam-se a apresentar algumas ideias gerais e propostas, mais ou menos, a avulso.
E estes programas eleitorais, que deviam constituir verdadeiros compromissos entre os candidatos e os eleitores, por muitas vezes não serem cumpridos e não serem dadas explicações para o seu não cumprimento, acabam por ser pouco valorizados.
A tudo isto, que contribui para a incerteza do desfecho de muitas eleições para as autarquias locais, há ainda que acrescentar o facto de se votar para três órgãos diferentes, a que nem todos concorrem, em 308 municípios e 3.258 freguesias.
E, finalmente, é de questionar ainda a fidelidade dos eleitores às forças políticas e movimentos de cidadãos que se candidatam. Até que ponto os eleitores continuam a votar nos mesmos partidos e movimentos em que votaram anteriormente?
Aqui chegados e perante todas estas dúvidas e incertezas, seria de concluir que as campanhas eleitorais são decisivas para a opção de voto de muitos eleitores.
Mas será que é mesmo assim? Será que as campanhas eleitorais são suficientemente esclarecedoras quanto aos candidatos e aos programas eleitorais ou propostas para contribuírem para a decisão final do voto de muitos eleitores?
Não tendo a certeza disso, parece-me, por muitas reações aos debates por exemplo, que a esmagadora maioria dos eleitores já tem o seu voto (ou abstenção) decidido, de pouco ou nada servindo as campanhas eleitorais, para além de algum folclore tradicional que se mantém.
Até para a semana! LG, 30/09/2025