Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 30/07/2024
Marco Abundância 30/07/2024
A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.
As eleições autárquicas de 2025 já começaram a agitar as águas
As próximas eleições autárquicas só se realizam em Setembro ou Outubro do próximo ano. Falta ainda mais de um ano e um ano é muito tempo. Num ano muda muita coisa e o que hoje parece certo amanhã poderá não passar de uma quimera.
Dando de barato tudo isso, eis que alguns temporões, dando aso às suas ambições, avançam decididos para se colocaram nos primeiros lugares de partida para a corrida eleitoral.
Uns porque partem para a última corrida, ou seja para a possibilidade de exercerem o último mandato, não querem deixar os créditos por mãos alheias e fazem tudo para afastar a concorrência, tentando mostrar que continuam a ser os melhores ou, pelo menos, os que têm mais hipóteses de serem eleitos.
Outros porque, com a saída garantida dos actuais titulares por limite de mandatos, veem abrir-se uma janela de oportunidade de conquistar ou reconquistar um lugar que já foi seu. Para tal tentam convencer os seus a escolherem-nos para serem os candidatos à disputa eleitoral. E com esse objectivo em mente, passam a mostrar-se mais, quer em aparições públicas quer através da divulgação de opiniões críticas aos que estão de saída e de propostas e ideias, e tentam aproximar-se mais dos que mais podem fazer para decidir a sua escolha.
Outros ainda porque a sua ambição desmedida os faz iludir quanto às reais possibilidades de serem eleitos, possibilidade em que só eles acreditam. E para que reparem neles põem-se em bicos de pés, saltam, esbracejam e fazem todas as figurinhas para que reparem neles, não dando conta de que isso é o pior que lhes pode acontecer, porque, se acontecer, não terão quaisquer hipóteses de ser escolhidos, a não ser que não haja mais ninguém ou que seja para serem queimados…
Todos eles, cada um à sua maneira, se disponibilizam para ajudar o partido a manter ou a conquistar a autarquia para melhor servir as populações. É uma disponibilidade altruísta e é por isso que estão dispostos a queimar etapas e outros concorrentes, para assegurarem que a autarquia poderá ficar bem entregue… se for a eles.
Já há algum tempo que se vem pressentindo o nervoso miudinho de muita gente, designadamente através de comentários publicados nas redes sociais e de algumas acções praticadas por putativos candidatos.
Refiro dois casos que me parecem paradigmáticos de algum receio de poderem não ser os escolhidos e, por isso, terem avançado de forma tão estratégica ou precipitada.
Depois de há mais de dois anos ter afirmado publicamente que não voltaria a candidatar-se a líder da Concelhia de Beja do PS, eis que Paulo Arsénio voltou a candidatar-se e, como candidato único, voltou a ser eleito para a liderança do órgão do seu partido a que cabe a escolha do candidato à Câmara Municipal de Beja. O argumento que usou para justificar a mudança de posição foi a necessidade de revitalizar o partido e garantir a vitória nas eleições autárquicas…
Quando o actual presidente da Câmara Municipal de Cuba está a terminar o seu último mandato, eis que Francisco Orelha, o anterior presidente da Câmara apresenta à Direcção Distrital de Beja do PS a sua disponibilidade para encabeçar a lista candidata aquela autarquia. Isto na sequência de publicações, nas redes sociais, de críticas à actual gestão da CDU e de ter dado uma entrevista a uma rádio local enunciando as razões porque quer ser candidato e avançando já com algumas propostas para o concelho.
Tudo isto é legítimo. É normal e até desejável que os partidos e os seus dirigentes tenham visão estratégica, definam com tempo uma estratégia e uma metodologia para escolha dos seus candidatos, elaboração de programas eleitorais e programação de campanhas eleitorais com a maior participação possível das pessoas. Como também é normal que aos putativos candidatos tenham ambição e vontade e se considerem os mais capazes de ganhar eleições e de exercerem as funções autárquicas.
Tal como também é legítimo que, a partir do momento em que assumem posições ou cargos públicos, se exponham mais à crítica. E esta é desejável quando feita de forma correcta e sem ofender ou melindrar os que assim se expõem ao escrutínio público.