Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 28/11/2023

Marco Abundância 28/11/2023

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Aberta a caça ao voto

A caça ao voto, que estava prevista para a Primavera, para as eleições para o Parlamento Europeu que se realizam em Junho, foi antecipada para o Inverno, com a antecipação das eleições para a Assembleia da República, para 10 de Março, em consequência da demissão do governo e da dissolução da Assembleia da República, que serão consumadas nos próximos dias, após a aprovação do Orçamento de Estado.

Sabemos que para assumir o poder é preciso ganhar eleições ou obter acordos pós eleitorais que assegurem maiorias parlamentares que suportem o governo. E os partidos que nele não participem, para influenciar a política e as políticas do governo, têm necessidade de conquistar os votos suficientes que lhes permitam essa capacidade.

Daí resulta que, antes de mais, é preciso conquistar os votos necessários para uma ou outra das situações referidas. E, portanto, a caça ao voto é, para além de legítima, necessária para a afirmação dos partidos enquanto actores e suportes principais da democracia. O que pode não ser legítimo é a forma e os meios que são usados para os conquistar.

Com demasiada facilidade, embora com graduações diferentes, os partidos concorrentes tendem a cair na fórmula populista de prometerem tudo, a todos, em todo o lado e para quanto antes, para tentar conseguir convencer os eleitores a darem-lhes os votos que ambicionam alcançar. Esta fórmula, para além de populista, é igualmente demagógica e mentirosa, e, por consequência, ilegítima. Mas, como já se começou a ver, não é isso que os faz recuar na utilização de tal fórmula. Também, nem todos os meios utilizados, designadamente para a obtenção de financiamentos para as campanhas eleitorais, entre outros, são legítimos e até legais, hipotecando, não raras vezes, a sua independência a quem lhes garante os financiamentos, o que constitui uma porta aberta para a corrupção.

Aberta a caça ao voto, mesmo ainda antes da formalização da demissão do governo e da dissolução da Assembleia da República, na ânsia de conquistar os melhores lugares logo à partida, alguns já começaram a dar tiros nos pés.

Apanhados de surpresa pela antecipação das eleições, todos os partidos têm revelado dificuldades em se mostrarem preparados para elas. O PS que, com maioria absoluta no Parlamento se achava dono disto tudo, podendo fazer o que que queria, foi obrigado a antecipar as eleições internas e os congressos geral e federativos, gastando, por via disso, algum tempo a arrumar a casa e, em consequência, a demorar mais a começar a caça ao voto.

O PSD afirma que o governo caiu de podre, ou seja, caiu sem que alguma coisa tenha feito para que tal acontecesse, e festejou, como se de uma vitória eleitoral se tratasse, o anúncio feito pelo Presidente da República da imediata aceitação do pedido de demissão de António Costa e da dissolução da Assembleia da República. Mas, apesar do seu presidente repetir vezes sem conta que está preparado para governar, mostra algumas dificuldades em convencer os portugueses de que é uma boa alternância ao governo do PS, a avaliar pelos resultados de diversas sondagens. E, o que pode estar a contribuir decisivamente para isso, é a apresentação de medidas pontuais, à la carte, para sectores do eleitorado com maior peso, sem as necessárias fundamentação e sustentação, em vez da apresentação de uma uma política e de uma estratégia para o País, ou, pelo menos, de políticas para os diversos sectores, diferentes e que convencessem os eleitores de que são melhores que as do PS.

Ora o que os portugueses esperam e querem é uma verdadeira alternativa política que, mais do que a aritmética dos votos para saber quem é que vai ganhar as eleições e formar governo, uma política diferente com políticas capazes de responder às principais questões que se colocam aos novos tempos e a resolver problemas de sempre que têm a ver com a vida das pessoas, a começar pelo insuficiente crescimento económico e pelas enormes desigualdades sociais e a pobreza e passando por áreas fundamentais como a saúde, a educação, a justiça e outras.

Daí que será expectável que os eleitores, desiludidos com o PS, que tendo todas as condições para governar sozinho, não se mostrou à altura do desafio, e pouco crentes no PSD, que se limita a presentar-se como alternância e fraca ao PS, distribuam mais votos por outros partidos, fragmentando ainda mais a Assembleia da República e obrigando os partidos a soluções de equilíbrio mais instável, de forma a que não voltemos a ter outro governo do quero posso e mando, de que bastou um ano e meio para demonstrar não ser uma boa solução, para o País, à semelhança do que se tem passado noutros países.

A nível político, a principal opção que se coloca nestas eleições é a de se apurar se os eleitores preferem um governo que reforce o Estado Social, fomentando o desenvolvimento económico, social e humano, com respeito pelo ambiente, ou, pelo contrário, querem um governo com uma política mais liberal, privilegiando o crescimento económico a qualquer preço, sem respeito pelo ambiente, com menos sensibilidade para as desigualdades sociais e a inclusão, quer das minorias quer dos imigrantes.

Pensem nisso! Até para a semana!

LG, 28/11/2023

Vidigueira Informação

A atualidade informativa do dia.

Mais informações



Rádio Vidigueira

Rádio Vidigueira

Faixa Atual

Título

Artista

Background
HTML Snippets Powered By : XYZScripts.com
WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE