Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 27/02/2024

Marco Abundância 27/02/2024

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Espero que esteja enganado…

Começou oficialmente a campanha eleitoral no passado Domingo. Quem diria que assim foi, depois de ter assistido às dezenas de debates e a um sem número de acções de propaganda, levadas a cabo pelas diversas forças políticas, nestes últimos três meses, desde que António Costa pediu a demissão de primeiro-ministro e o Presidente da República a aceitou e anunciou que iria dissolver a Assembleia da República e marcar eleições antecipadas?!

Entretanto, há mais de três meses que o País continua a ser governado por um governo demissionário e, há um mês e meio que está com a Assembleia da República dissolvida. Ou seja, ou os factos que levaram à demissão do primeiro-ministro e à dissolução da Assembleia da República não eram assim tão graves e permitiam que se mantivessem em funções, ou, se eram efectivamente graves, as eleições deviam ter-se realizado no mais curto prazo que a lei permite. É isso o que costuma acontecer noutros países. Mas não no nosso…

Nestes três meses de pré-campanha eleitoral, as diversas forças políticas ocuparam-se em afinar as suas estratégias e máquinas eleitorais, e procuraram, mais do que apresentar soluções para os principais problemas com que nos confrontamos, mostrar o que está mal, como se não soubéssemos, e, principalmente, atacar os outros, acusando-os de tudo e mais alguma coisa.

Neste último aspecto esteve em evidência o Chega, que tudo faz para surfar a onda de descontentamentos que existe face à insuficiência de respostas às principais necessidades das pessoas e fomentar sua revolta, prometendo tudo a todos e já. E, com esse objectivo e depois das outras forças da direita se terem recusado a com ele contar para uma solução de governo, passou a acusá-las de não quererem alterar a situação e pretenderem manter, mais ou menos, tudo na mesma.

A Iniciativa Liberal tem uma estratégia que consiste em privatizar o que ainda houver para privatizar e em acabar com, ou baixar, todos os impostos e a aumentar os apoios do Estado, como se, “subindo a camisa e baixando as calças”, nada ficasse à vista… É a estratégia do salve-se quem puder, certos de que quem se pode salvar é quem mais meios tem ou quem mais facilidade tem a quem se agarrar, o que teria como efeito aumentar ainda mais as já gritantes desigualdades.

O PSD, num mero cálculo aritmético eleitoral e numa postura revivalista, refez a AD, coligando-se com o CDS e o PPM. Começou por não desmentir convincentemente a hipótese de contar com o Chega para formar governo, se de tal vier a necessitar, e, depois de o fazer, tem alimentado o tabu de inviabilizar ou não um governo do PS, caso não consiga formar governo. Isto depois de ter desafiado o PS a fazê-lo, o que já fez… Quanto a propostas apresenta algumas semelhantes às da Iniciativa Liberal ou do Chega, embora não tão acentuadas.

À esquerda, cientes de que uma nova maioria absoluta não se repetirá, todos têm feito por evitar fechar portas a eventuais novos entendimentos que evitem o regresso da direita ao poder. Ao contrário do registado à direita, têm pautado as suas intervenções com urbanidade, espírito democrático e sentido construtivo, na apresentação das suas críticas e propostas.

O PS tem mostrado algumas dificuldades na apresentação de políticas, medidas e propostas diferentes das seguidas pelo seu governo demissionário, porque não quer entrar num processo de ruptura com o seu passado recente de más memórias, o que tem dificultado a sua credibilização. Apesar disso apresenta um programa económico com algumas inovações e reforça o estado social.

O Bloco de Esquerda tem feito da necessidade do seu contributo para a existência de um governo à esquerda um dos principais eixos da sua estratégia eleitoral. A par disso tem apresentado propostas a nível dos salários e pensões, da saúde, da habitação, da educação para o reforço do estado social.

O PCP, mais uma vez liderando a CDU, tem como principal e diferenciador eixo da sua estratégia a valorização do trabalho e o aumento dos salários e pensões, através de uma mais justa distribuição da riqueza produzida e como forma de promover um desenvolvimento mais acelerado e sustentado.

O Livre tem-se apresentado como parte da solução à esquerda e oposição clara à direita, defendendo propostas inovadoras como a semana de quatro dias, a herança social ou o rendimento básico incondicional, bem como uma União Europeia mais integrada e inclusiva e amiga do ambiente.

O PAN, fiel às suas origens, tem defendido os direitos dos animais, causas sociais e ambientais, rejeitando a dicotomia direita ou esquerda, manifestando-se disponível para colaborar com os que se comprometam com as suas principais propostas.

Até que ponto os eleitores se sentem mobilizados para votar no dia 10 de Março e sabem em quem votar é a questão que se coloca, depois de três meses de pré-campanha eleitoral, e em que medida a campanha eleitoral irá confirmar ou alterar as suas predisposições é a questão que se coloca.

A pré-campanha e a campanha eleitoral contribuem para as pessoas votarem e definir o voto ou isso pouco se altera com elas? Que influência têm os Média e as sondagens no posicionamento dos eleitores? O sentido de voto é determinado pela adesão às forças políticas, aos seus programas eleitorais e às políticas e propostas neles contidas, pela empatia e outras características dos principais candidatos, ou por sentimentos despertos face à situação que se vive e a percepção do que deve ser feito para a alterar?

Há dias, um amigo abeirou-se de mim para saber o que acho da situação política e, principalmente, manifestar o seu desalento face ao evoluir da situação e as suas preocupações quanto ao futuro. Prognosticou que, no nosso distrito, o PS iria sofrer uma grande quebra, tal como a CDU, correndo o risco de perderem deputados, e que o Chega iria subir muito a sua votação e eleger deputado(s), pela atracção que está a suscitar. Já relativamente à AD, embora admitindo alguma subida, esta não lhe parece que seja tão significativa. Depois de alguns minutos de conversa em que tentei contrariar um pouco o seu pessimismo, dizendo que acho que há gente à esquerda que não se manifesta mas que irá votar, e, face aos seus prognósticos, despedi-me dizendo que espero que não tenha razão…

Até para a semana!

LG, 27/02/2024

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