Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 20/06/2023

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

O que vai acontecer na Câmara de Beja?

O Município de Beja, apesar da força maioritária – o PS -, não ter maioria absoluta em qualquer dos seus órgãos, tem vivido, praticamente, como se tal existisse, graças ao apoio da Coligação de direita, que suporta o movimento “Beja Consegue!”, à quase totalidade das suas decisões.

O “Beja Consegue!” justificou a sua posição desde início, argumentando que, não tendo conseguido ganhar as eleições, não criaria obstáculos à força ganhadora, votando as propostas apresentadas em função de as considerar benéficas ou não para o Concelho.

Esta postura do vereador Nuno Palma Ferro, líder do “Beja Consegue!”, não tem agradado a parte do PSD, que pretendia uma oposição mais forte à gestão do PS na Câmara de Beja, mais em sintonia com a oposição que o PSD tem feito ao governo.

Entretanto, o vereador Nuno Palma Ferro e “Beja Consegue!” – e não a Coligação liderada pelo PSD, sintomaticamente -, lançaram, nos últimos dias, a “campanha “Os bejenses precisam de saber”, que consiste na distribuição de painéis publicitários por todo o concelho de Beja, com questões anteriormente colocadas em sede de Reunião de Câmara e cujas respostas não aconteceram ou não foram claras”, o poderá indicar uma alteração do seu posicionamento na Câmara de Beja, com impacto na gestão desta.

Ou seja, com esta campanha, o vereador Nuno Palma Ferro poderá a estar a avisar o presidente Paulo Arsénio e o seu Executivo Camarário, de que o seu estado de graça terminou, porque não cumpriu compromissos assumidos, deixando para as calendas gregas a concretização de algumas bandeiras do “Beja Consegue!”, e, que, assim, passará a ser menos condescendente e mais exigente na votação das propostas apresentadas pelo Executivo Camarário do PS.

Recordo que há apoiantes de Nuno Palma Ferro e do “Beja Consegue!” que não se inibem de afirmar que preferem “vodka com laranja” a “mateus rosé”, que é como quem diz que preferem entendimentos com o PCP do que com o PS.

O comportamento do PS, revelando alguma autosuficiência e até arrogância, em vez de humildade e espírito de cooperação, que a ausência de maioria absoluta aconselhavam, a par de uma gestão poucochinha, como muitos a classificam, que, apesar da preocupação com as contas certas e de algumas obras de manutenção, não conseguiu dar resposta aos grandes anseios e expectativas das populações, quer em áreas da estrita responsabilidade da Câmara Municipal, quer da responsabilidade do governo, que, por ser também do PS, muitos esperavam que investisse mais no concelho e na região, designadamente no que é mais determinante para o seu desenvolvimento  – as acessibilidades e a agricultura.

Parece estarem-se a juntar “a fome com a vontade de comer”, ou seja, a frustração do vereador Nuno Palma Ferro por não estar a assistir à concretização de alguns projectos, que poderia dizer terem sido executados com a sua intervenção, e a vontade da Coligação de direita, liderada pelo PSD, de ter uma oposição mais activa e visível, tendo em conta o peso do vereador, enquanto charneira entre o PS e a CDU, e, como tal, poder ser ele decisivo nas deliberações da Câmara Municipal.

Ou me engano muito, ou se o PS não mudar a sua gestão, passando a atender toda as as pessoas, singulares ou colectivas, a informar melhor o que faz e não faz em detrimento da propaganda, a ter uma postura mais humilde e cooperante com todos e, principalmente, se não for capaz de se afirmar na liderança cooperante dos principais projectos e reivindicações do concelho e da região, Paulo Arsénio e o seu Executivo Camarário irão ter muito mais com que se preocupar, daqui para diante. E ainda faltam mais de dois anos até ao fim do mandato…

Vamos ver o que vai acontecer na Câmara de Beja nos próximos tempos… Seria bom que não acrescentassem mais dificuldades às já muitas existentes. Mas importa ter presente que se isso dependerá de todos, certamente que dependerá principalmente de quem lidera e governa.

Até para a semana!

LG, 20/06/2023