Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 18/04/2023

Hoje terça-feira, é dia da crónica de opinião de Lopes Guerreiro. A 39ª edição da Ovibeja é o tema escolhido.

OVIBEJA, da afirmação à resiliência de todo o Alentejo deste mundo

Há quatro décadas, um punhado de agricultores criou uma associação – a ACOS – então Associação de Criadores de Ovinos do Sul -, para defender os seus interesses enquanto produtores mas também os da sua região, o Alentejo.

Logo após a sua criação, a ACOS teve a visão e a iniciativa de avançar com uma pequena mostra de ovelhas e cabras e um espaço de convívio na antiga Feira de Maio, que então se realizava em Beja.

Quem diria, que anos mais tarde, essa pequena mostra de ovelhas e cabras acabaria por substituir a centenária Feira de Maio e transformar-se na OVIBEJA, a grande Feira do Sul e reunir todo o Alentejo deste mundo numa das maiores feiras agrícolas do país? Mas isso que aconteceu e a organização da OVIBEJA, sempre com espírito visionário e agregador, foi sabendo ao longo dos tempos adaptar-se às novas realidades e, procurando antever o futuro, evoluir, inovar, criando novos espaços, designadamente de debate de temas com interesse para a agricultura e os agricultores, mas também para a região e o país.

A OVIBEJA criou um modelo, que tem vindo a ser replicado pela generalidade das feiras que se realizam, e transformou-se na marca mais conhecida e reconhecida do Alentejo, tornando-se num dos maiores orgulhos dos alentejanos, agregando todo o Alentejo deste mundo.

Foi das primeiras feiras a incluir um festival de música popular e a ter sempre presente o Cante Alentejano, que chegou a ter um espaço próprio – o Canto do Cante, primeiro, e  o Pavilhão do Cante, depois – e culminou com um grande encontro de grupos corais na altura em que o Cante Alentejano foi reconhecido como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, e tem organizado, anualmente, em conjunto com a Casa do Alentejo de Lisboa, o Comboio do Cante, que traz à grande feira do Sul dezenas de grupos corais da diáspora, para além do palco da Associação de Municípios e agora da CIMBAL, onde todos os anos marcam presença grupos corais.

Foi igualmente, das primeiras feiras a incluir espaços, exposições e ciclos de colóquios sobre temas da actualidade e com interesse para a agricultura e a região. Este ano, por exemplo, o tema central é “Comunicar, Um Grande Desafio para a Agricultura” e, tendo em conta a discussão sobre a rede aeroportuária nacional, vai ter lugar um colóquio sobre o tema “Aeroporto de Beja – Construído e Pronto a Funcionar”.

A OVIBEJA ganhou dimensão e impacto suficiente para atrair a visita de políticos – o Presidente da República, deputados, governantes e líderes partidários -, corpo diplomático e responsáveis por diversos serviços públicos, confederações e associações empresariais, sindicais, ambientais e outras entidades nacionais e internacionais.

A OBIBEJA contou, no seu processo de evolução e afirmação, com a colaboração da região, através das autarquias, designadamente a de Beja, e de outras entidades, de fundos comunitários e também do governo, que tem vindo a diminuir progressivamente ao ponto de hoje esses apoios serem residuais, com excepção do apoio logístico da Câmara Municipal de Beja, sendo os seus custos suportados, quase exclusivamente, pelos expositores, visitantes e patrocinadores, uma vez que a organização é da exclusiva responsabilidade da ACOS, ao contrário da generalidade das outras feiras.

Ao longo destas quatro décadas, a OVIBEJA só não se realizou em dois anos, num devido a dificuldades logísticas e no outro devido à pandemia da COVID-19. No segundo ano da pandemia, mostrando a sua capacidade de inovar e de se adaptar às situações, realizou-se através da Internet.

Podemos afirmar que a OVIBEJA é, por tudo isto, por todas as vicissitudes por que tem passado, uma das melhores provas da resiliência do Alentejo.

Até para a semana e uma boa OVIBEJA!

LG, 18/04/2023