Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 16/12/2025

Marco Abundância 16/12/2025

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

“O Povo Unido Jamais Será Vencido”

“O Povo Unido Jamais Será Vencido” é um slogan, retirado da canção de protesto, composta por Sergio Ortega em 1973, que se tornou símbolo da resistência e ganhou destaque mundial durante o golpe militar que derrubou Salvador Allende, no Chile.

A expressão, associada à luta por liberdade e democracia, foi gritada recorrentemente  nas manifestações populares na revolução do 25 de Abril de 1974, e passou a ser usada em manifestações por direitos trabalhistas e sociais em todo o mundo, simbolizando a força da união popular contra regimes autoritários e injustiças sociais.

Expressa a crença de que a união dos trabalhadores e do povo unido é invencível face à repressão ou a governos autoritários, constituindo um grito de solidariedade e força colectiva em lutas por liberdade, direitos e melhores condições e qualidade de vida.

Vem esta introdução a propósito do que se está a passar no Chile, meio século depois daquele slogan se ter tornado um símbolo da resistência durante o golpe militar de Augusto Pinochet, que derrubou Salvador Allende, Presidente socialista que tinha sido eleito democraticamente, pouco tempo antes.

Agora, ao contrário do que então aconteceu, o Chile elegeu para seu Presidente o líder da extrema-direita, José Antonio Kast que venceu Jeannette Jara, a candidata da esquerda, ex-ministra do Trabalho do atual Presidente, Gabriel Boric, conseguindo chegar ao poder através de eleições.

Não só pelo simbolismo político que este resultado contém, mas também e principalmente por representar um movimento que se está a alastrar pela América Latina e por todo o mundo, incluindo na nossa velha Europa, onde tantos julgávamos que a democracia estivesse consolidada, apesar da necessidade de melhorias, importa apurar o que está a levar a este caminho, que não se sabe ainda onde nos pode levar.

José Antonio Kast, o Presidente do Chile agora eleito, fez campanha a favor da continuidade do general Augusto Pinochet  no plebiscito de 1988, e é o primeiro candidato de extrema-direita a chegar ao palácio de La Moneda desde o regresso do Chile à democracia, 35 anos depois do fim da ditadura de Pinochet.

Com fortes ligações a outros líderes da extrema-direita, José Antonio Kast garantiu que as prioridades de governação são “segurança, imigração e progresso económico”, que “o Chile precisa de ordem nas ruas e no Estado” e vai “restabelecer o respeito pela lei em todas as regiões, sem exceções, sem privilégios políticos, administrativos ou judiciais” e prometeu a expulsão em massa de migrantes, a criminalização da imigração ilegal e a construção de prisões de segurança máxima com isolamento total para os líderes do tráfico de droga .

Onde e de quem já ouvimos defender estas e outras medidas semelhantes? Será que, tal como há meio século atrás, nos estamos a preparar para replicar no nosso País algo de semelhante ao que aconteceu agora no Chile?

Sabemos que a democracia não tem sido bem tratada pelos que se dizem de esquerda mas que na prática copiam e aplicam as mesmas políticas e medidas que a direita, não   promovendo o combate à pobreza e às desigualdades, permitindo que o fosso entre ricos e pobres, entre o capital e o trabalho se acentuem de forma pornográfica.

Será que é isso que levou o Povo a deixar de acreditar na democracia e a querer acreditar em salvadores da pátria que tudo prometem, desde resolver os problemas que mais afectam o País até providenciar as suas principais necessidades? Será que o Povo já se esqueceu das atrocidades cometidas por governos desse tipo ao ponto de achar que daí não poderá vir pior e esteja disposto a passar pelo mesmo?

Não se resolvem os problemas com as mesmas receitas que já provaram não servir, tal como o Povo não conquista melhores condições e qualidade de vida se não se unir. Hoje está posto em causa o equilíbrio entre a liberdade e a segurança, que só a democracia garante. Quando a extrema direita e alguma direita fomenta a percepção da insegurança e promete medidas drásticas para a combater está com isso a tentar conquistar adeptos para um governo autoritário que imponha a ordem pela força.

Será que o Povo não entende isso? Ou, pelo contrário, como mostrou na recente greve geral, ainda não se esqueceu de que o Povo unido jamais será vencido e está disposto a lutar contra ameaças autoritárias e pela democracia e pela liberdade, não apenas política mas também económica e social e com respeito pelo ambiente?

Até para a semana!

LG, 16/12/2025

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