Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 16/09/2025

Marco Abundância 16/09/2025

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

O baixo nível de alguns candidatos autárquicos

Tenho assistido a alguns dos muitos debates com candidatos a diversas autarquias. Apesar das expectativas não serem elevadas, tenho ficado surpreendido com o baixo nível de alguns deles, porque esperava assistir a mais prestações capazes de nos fazerem acreditar num futuro melhor, o que não se tem verificado em muitos casos.

Embora a impreparação, a falta de conhecimentos e de propostas fundamentadas e capazes de contribuir para travar a desertificação e o despovoamento e lançar algumas sementes de esperança para o desenvolvimento sustentado dos nossos territórios seja mais notória em candidatos que se apresentam pela primeira vez, não deixa de se revelar também nalguns repetentes, incluindo os que estão no poder.

Para além disso, alguns têm revelado falta de cultura e de humildade democráticas. Os que se candidatam como alternativas insistem em afirmar que está tudo mal e que o pouco que tem sido feito tem sido mal feito, chegando mesmo a sustentar essas acusações no que se diz. Os que se recandidatam garantem que fizeram tudo o que prometeram e tudo bem feito, mesmo quando a realidade prova o contrário.

E quando são chamados a apresentar propostas, quase todos apresentam as mesmas – desenvolvimento económico, habitação, atracção e fixação de empresas e pessoas, designadamente jovens, e outras, algumas delas fora da esfera de competências das autarquias -, sem explicarem como as conseguirão concretizar.

Alguns avançam com propostas aliciantes e disruptivas mas de quase impossível concretização, porque não dependem apenas da decisão dos órgãos autárquicos, mas do poder central e de leis, regulamentos e da interpretação que os inúmeros serviços da administração pública, que são chamados a emitir pareceres vinculativos, fazem e que, muitas vezes, inviabilizam ou arrastam no tempo essas propostas.

Quase todos prometem tudo a todos e mais um par de botas. Fizeram uma lista com tudo o que acham que falta e que pode agradar aos eleitores e, sem cuidar de avaliar da possibilidade da sua concretização, apresentam-na como programa eleitoral, quando não passa de uma lista de boas intenções.

Os que se recandidatam esquecem promessas não cumpridas, apresentam outras requentadas, como se não as tivessem já apresentado em anteriores eleições, sem apresentarem quaisquer justificações ou explicações para a sua não realização.

Visão estratégica, propostas integradas visando alcançar objectivos dessa visão, governança e relacionamento cooperante com governo, administração central, outras autarquias e entidades diversas raramente são apresentadas. A visão estratégica é substituída pelas promessas casuísticas de tudo a todos. A governação é substituída pela gestão corrente, mais conhecida pela navegação à vista da manutenção do poder.

Para explicitar melhor o que me parece dever ser o papel do Poder Local e dos seus eleitos, recordo algumas palavras que proferi num discurso da candidatura do movimento independente “Por Beja Com Todos”, em 2013:

Sem cairmos em demagogias de considerarmos que é o Poder Local que tem toda a responsabilidade por o concelho não ter alcançado o tão almejado e necessário desenvolvimento, porque este depende em grande parte de uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional que os governos têm recusado, parece-nos que o Poder Local poderia ter feito mais e melhor, quer através das opções que fez quer das dinâmicas que imprimiu ou não à vida do concelho.

Mas, mais importante do que olharmos para trás e criticarmos o que foi feito – e achamos que nos últimos mandatos há muito a criticar… -, consideramos que é fundamental e urgente definir, com clareza, os objectivos principais e os caminhos para os alcançar.

No estado depressivo em que o concelho se encontra, parece-nos que o mais urgente e decisivo é devolver a esperança e a alma de ser e de viver em Beja. E isso passa pela valorização daquilo que melhor nos identifica, como é o caso do património, que foi votado ao abandono nos últimos anos; pelo apoio a novos eventos que projectaram o nome da nossa cidade a nível nacional e até, nalguns casos, além-fronteiras; pela mobilização e inclusão das pessoas para a participação e o exercício da cidadania activa.

Mais do que a gestão e a administração do Município, deve ser a intervenção política em prol do desenvolvimento do concelho de Beja, com todos, que deve mais mobilizar os próximos eleitos autárquicos.

Ou seja, os candidatos a autarcas devem assumir-se como políticos que pretendem governar os seus territórios e não como “administradores de condomínio” que, como tal, pretendem apenas gerir o dia-a-dia das autarquias a que se candidatam.

Até para a semana!

LG, 16/09/2025

 

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