Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 16/01/2024
Marco Abundância 16/01/2024
A crónica de Lopes Guerreiro.
Declarada aberta a caça ao voto
Dois meses depois de anunciada pelo Presidente da República, foi, ontem, finalmente dissolvida a Assembleia da República.
Concluída a arrumação das estruturas partidárias das principais forças políticas, estas vão acelerar as suas pré-campanhas eleitorais, iniciadas mal foi conhecida a demissão do primeiro-ministro. Apesar de alguns já terem divulgado alguns candidatos, vamos assistir, nas próximas semanas à divulgação das listas completas por parte de todos.
É nesta fase, que se vai perceber melhor o estado das diversas candidaturas, em resultado das inclusões e exclusões de nomes, se elas se abriram ou fecharam mais à chamada sociedade civil, isto é a pessoas não engajadas nas estruturas partidárias, se contribuíram para a unidade ou para divergências internas e, principalmente, o sentido político que as diversas forças partidárias lhes pretendem dar.
Nesta fase, e salvo raras excepções, ainda não serão divulgados os programas eleitorais com que as diversas candidaturas se comprometem perante o eleitorado. Nas próximas semanas e até mais próximo das eleições, iremos apenas continuar a assistir à divulgação de uma ou outra ideia, proposta ou política, a conta-gotas, de forma a marcar a agenda mediática.
A CDU, como é habitual, é a força política que tem a elaboração das listas de candidatos e a sua divulgação mais adiantada, sem grandes contestações pelo que se conhece. O Bloco de Esquerda também tem vindo a fazer o seu caminho, aparentemente, num ambiente de unidade. O Livre, usando uma metodologia mais aberta e recorrendo à possibilidade de auto-candidaturas através da Internet, também parece ter o seu processo adiantado e sem problemas internos. O PAN, depois de ter passado por um processo de clarificação interna, que levou a alguns afastamentos, prepara-se para apresentar as suas listas. O PS, em resultado das suas eleições e acordos de unidade internos, só agora irá arrumar e apresentar as suas listas.
À direita, em consequência da reconstituição da AD, coligação formada entre o PSD, o CDS e o PPM, que suscitou muitas críticas e a algumas demissões no PSD, foram ontem aprovadas as listas, com alterações em resultado da mudança da liderança do PSD e da coligação, depois da divulgação dos nomes dos chamados independentes e antigos presidente da CAP, candidato por Santarém, e do bastonário da Ordem dos Médicos, candidato pelo Porto, que usaram e abusaram daquelas organizações em acções de desgaste contra o governo do PS. A Iniciativa Liberal, que está a passar por mais algumas divisões internas, ainda praticamente não apresentou candidatos, e o Chega, que realizou, este fim de semana a sua 6ª Convenção em cinco anos de existência, só agora começará a apresentação dos seus candidatos, que, depois de ter criado algumas expectativas sobre possíveis candidaturas de ex- deputados do PSD, do CDS e da Iniciativa Liberal, parece que não terá muitas novidades a apresentar.
Esta é a fase em que todos tentam suscitar mais interesse e simpatia em função dos nomes de candidatos que apresentam. É, naturalmente, uma fase complexa e em que, por vezes e ao contrário do pretendido, as direcções partidárias frustram expectativas, quer pessoais de quem esperava integrar as listas em lugares potencialmente elegíveis, quer regionais, por não serem satisfeitas as pretensões das respectivas organizações partidárias, e geram ou evidenciam mais divisões internas, em vez da unidade pretendida.
Entretanto e progressivamente, os líderes partidários e os principais candidatos vão correr o País, de lés a lés, apresentando algumas propostas de medidas e políticas que, pela sua natureza e expectativa que podem gerar, mais atractivas do eleitorado possam ser, quer em termos gerais quer de sectores mais específicos. Ou seja, é a fase da pesca de potenciais votantes, quer seja de arrastão ou à linha.
Vamos assistir, durante os próximos dois meses, como sempre acontece nos períodos eleitorais, à apresentação de soluções para todos os problemas – qual delas a mais miraculosa -, no mais curto prazo possível. Ou seja, todos os problemas que se têm arrastado e agravado, pelas mais diversas razões ou desculpas, têm finalmente soluções próximas por parte de todas as candidaturas. Neste mercado eleitoral, como nos outros, há todo o tipo de promoções e de publicidade enganosa, bem como de utilização de todos os meios, na tentativa de aliciamento dos eleitores.
Cabe-nos a nós, eleitores, fazer o melhor uso possível do direito / dever de votar, procurando aferir da seriedade e da possibilidade de concretização das promessas apresentadas, e escolher as propostas que melhor podem contribuir para a sua realização e prosseguir o caminho que nos possa levar ao futuro colectivo que desejamos.
Até para a semana!|
LG, 16/01/2024