Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 14/10/2025
Marco Abundância 14/10/2025
A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.
Rescaldo das eleições autárquicas de 2025
No rescaldo das eleições autárquicas deste ano, faço aqui um breve balanço e deixo alguns apontamentos de factos e opiniões, a nível nacional e na nossa zona.
Importa, em primeiro lugar, realçar que, apesar de tantas eleições num curto espaço de tempo, os portugueses votaram em maior número (59%) do que há quatro anos (54%), embora menos do que nas últimas legislativas (64%).
A nível nacional, o PSD, só ou em diversas coligações, obteve uma ligeira vantagem em relação ao PS, e coligações com outros partidos, quer em votação quer em número de órgãos autárquicos e número de eleitos, sendo de realçar que, apesar do PS ter perdido a maioria autárquica que tinha, superou em mais de 10 pontos percentuais a votação que alcançou nas legislativas deste ano. A CDU voltou a ter uma quebra eleitoral autárquica, apesar de ter subido a votação para quase o dobro da obtida nas legislativas e ainda ter conquistado 12 câmaras municipais. O Chega mais que dobrou a sua votação autárquica, embora apenas tenha conquistado três câmaras municipais e dois terços da votação obtida nas legislativas deste ano.
No Distrito de Beja, o PS voltou a ganhar, mantendo o mesmo número de eleitos nas câmaras municipais, mas descendo quatro pontos percentuais em relação há quatro anos, mas subindo sete pontos percentuais em relação às legislativas deste ano. A CDU manteve o segundo lugar, embora com menos quatro eleitos nas câmaras municipais e menos quatro pontos percentuais na votação, mas cerca do dobro da votação nas legislativas deste ano. O PSD e coligações ficou em terceiro lugar, com mais três eleitos nas câmaras municipais e mais nove pontos percentuais do que há quatro anos, mas menos quatro pontos percentuais do que nas últimas legislativas. O Chega duplicou a votação e elegeu mais um vereador do que há quatro anos, embora tenha obtido um pouco mais de um terço da votação obtida nas legislativas deste ano.
O PS ganhou nove câmaras municipais, tendo conquistado a de Serpa, que tinha sido sempre da CDU, e reconquistou a da Vidigueira. A CDU ganhou três câmaras municipais, tendo reconquistado a de Aljustrel. O PSD, através da Beja Consegue, ganhou a Câmara de Beja, pela primeira vez, e, sozinho, reconquistou a de Almodôvar.
Na área da AMCAL, o PS ganhou quatro das cinco câmaras municipais, tendo apenas a de Cuba continuado CDU. E mudaram todos os presidentes de câmara, com excepção do presidente da Câmara de Alvito, que foi reeleito com uma votação reforçada.
Em Viana do Alentejo, o PS reconquistou a Câmara à CDU. O Chega elegeu, pela primeira vez, um vereador, que era do PSD, que desceu de 27% para 6%.
Muito mais se podia dizer mas seria demasiada informação para poder ser captada por quem ouve. Vou apenas referir mais alguns dados que me parecem interessantes.
Nenhum dos antigos presidentes de câmara do Distrito de Beja que voltou a candidatar-se conseguiu ser eleito presidente. Francisco Orelha, que voltou a ser candidato do PS à Câmara de Cuba, foi eleito vereador com um pouco menos que a votação alcançada pelo PS há quatro anos. João Rocha candidatou-se à Câmara de Serpa, por um movimento independente, não tendo conseguido ser eleito e tendo contribuído para a derrota da CDU. António Sebastião, que foi presidente da Câmara de Almodôvar, candidatou-se à Câmara de Castro Verde, pela AD, não tendo conseguido ser eleito. Finalmente, João Português, que deixou a Câmara de Cuba, candidatou-se à Câmara de Ferreira do Alentejo tendo ficado a 99 votos de ser eleito presidente e a CDU aumentou a sua votação em quase 700 votos em relação às últimas eleições autárquicas.
Apenas metade dos presidentes das câmaras do Distrito de Beja foram reeleitos e todos são do PS. Aljustrel mudou do PS para a CDU, Serpa e Vidigueira da CDU para o PS e Almodôvar e Beja do PS para o PSD, só e em coligação. Ou seja, o PSD conquistou duas Câmaras, a CDU e o PS ficaram com menos uma do que as que tinham.
A AD reforçou o seu poder no País, juntando o Poder Local, ao governo, à Assembleia da República e à Presidência da República. O PS perdeu as autárquicas, por uma unha negra, recuperando cerca de 10 pontos percentuais em relação às últimas legislativas. O Chega, embora mais que duplicando a votação de há quatro anos, ficou muito aquém da obtida nas últimas legislativas, só tendo conseguido ganhar três câmaras, consolidando-se, mesmo assim, como terceira força política. A CDU prosseguiu o seu declíneo eleitoral, embora ainda tenha conseguido manter 12 câmaras.
Até para a semana! LG, 14/10/2025