Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 14/05/2024

Marco Abundância 14/05/2024

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

 

A Política deve promover a integração e a inclusão

A Política devia ser a ciência que, explorando caminhos diferentes para o atingir, nos apontasse um futuro melhor, com maior desenvolvimento, designadamente humano, mais respeito pelas pessoas e pelos seus direitos, promovendo simultaneamente uma cultura de responsabilidades e deveres individuais e colectivos.

Os agentes políticos, designadamente os com maiores responsabilidades, deviam expressar mais preocupações com as pessoas e com a igualdade de oportunidades, defendendo políticas inclusivas, de forma a não deixar ninguém de fora ou para trás.

Infelizmente não é isto o que acontece quase sempre e não é essa a forma de actuar de muitos responsáveis políticos, que: Em vez de se procurarem afirmar e as sua políticas e propostas pela positiva, optam, quase sempre, pelo ataque aos outros e às suas políticas e propostas; Em vez de procurarem pontos de convergência e, eventual, cooperação, esforçam-se por descobrir o que mais os pode distanciar; Em vez do são e democrático debate de ideias, políticas e propostas, optam preferencialmente pelas acusações e ataques mútuos, não olhando a meios, nem respeitanto os outros.

Este mau exercício que muitos responsáveis políticos persistem em fazer da Política, tem vindo a agravar-se progressivamente nos últimos anos, com a incapacidade dos governos de resolverem os principais problemas e satisfazerem as necessidades e aspirações de grande parte das pessoas. Esta situação tem ajudado ao aparecimento e crescimento de forças políticas populistas de extrema direita, que têm um discurso político que põe em causa o regime democrático, promove a divisão social, o ódio contra as minorias e os imigrantes e a sua segregação e o racismo.

Este é o caldo de cultura política que tem vindo a ser promovido pelas forças políticas da extrema direita populista, de que muitas forças políticas da direita democrática não só não se têm demarcado e distanciado, como, em muitas situações, fazerem tudo para normalizar e, nalguns casos, imitar.

Isto acontece com a forma como tratam a imigração, com um discurso político, que exagera nos perigos que pode representar, criando a ilusão de que muitos problemas, como a falta de emprego e de segurança são provocados por ela e de que se nos podermos livrar dos imigrantes e de que, assim, todos os problemas serão resolvidos.

Como nos diz Hein de Hass, um dos grandes especialistas mundiais sobre imigrações, em entrevista à VISÃO de 24 de Abril, existem grandes mitos que são propagados sobre a imigração, que não têm adesão com a realidade. Não é verdade que estejamos a viver “tempos de imigração massiva como nunca houve na História e que isto está descontrolado”, porque “apenas 3% da população mundial é migrante e esse número tem-se mantido estável no último século”. Não é fácil controlar a imigração, porque “se houver oportunidades num país, muitos postos de trabalho para preencher, isso vai atrair imigrantes”, como acontece no nosso País, em que “muitos portugueses não querem fazer trabalhos na agricultura ou em certos serviços”. “Só podemos reduzir a imigração…, introduzindo um maior controlo sobre o sector privado, impedindo, por exemplo, os empresários de contratar imigrantes com baixos salários”. Os imigrantes devem ser considerados como pessoas e não como meros factores de produção, porque, mesmo em caso de recessão económica, “nem todos os imigrantes se vão embora e precisamos de políticas que integrem, de facto, as pessoas.

Para além das opiniões que temos e do que ouvimos os políticos dizerem, devemos ter em conta o que cientistas investigam. E neste caso, importa ainda referir que não existe nenhuma evidência de que os imigrantes roubem postos de trabalho, porque eles se limitam a preencher vagas vazias, tal como não existem evidências de que a imigração tenha impacto em baixar os níveis salariais.

Assim, importa encaramos os imigrantes como pessoas, que, tal como nós, procuram o melhor para si e para os seus, que tiveram de deixar nessa demanda, e valorizarmos o seu contributo para a economia nacional, que sem eles não poderia produzir e prestar os serviços que presta, e para o equilíbrio das das contas públicas e da segurança social, uma vez que são contribuintes líquidos. Por isso, devemos aprovar políticas e medidas que visem a sua integração na nossa sociedade e combater o discurso de ódio e a xenofobia, que alguns insistem em fomentar.

Até para a semana!                                                                                LG, 14/05/2024

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