Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 10/12/2024

Marco Abundância 10/12/2024

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

“O Mundo parece estar um pouco louco”

Donald Trump, na Sexta-Feira, à porta do Palácio do Eliseu, ao despedir-se de Emmanuel Macron disse para este que “O Mundo parece estar um pouco louco. Vamos ter de falar sobre isto”. Se estas palavras ditas por qualquer outro líder político já nos deixavam preocupados, imagine-se como devemos ficar quando foram proferidas por um louco imprevisível e negacionista, como Trump, que, daqui a pouco mais de um mês, vai retomar a presidência dos Estados Unidos da América.

O que Trump disse não é nada que qualquer pessoa de senso comum e medianamente informada não tivesse já constatado. Mas dito por um dos líderes políticos com mais poder no Mundo agrava ainda mais essa percepção da realidade que estamos a viver.

Quando, confrontados com a pandemia do Covid-19, muitos responsáveis garantiram que nada iria ficar na mesma, porque todos tínhamos ganho a consciência da nossa fragilidade e da necessidade de cooperarmos mais em defesa no nosso futuro colectivo e também individual, não imaginaram o que estavam a dizer ou fizeram-no com a consciência de que estavam a fazer uma afirmação de circunstância.

Apenas um ano e meio passado sobre a declaração do fim da pandemia e observando o que se tem vindo a passar por esse mundo fora, dificilmente aquela afirmação podia soar a mais falsa. De facto, quase nada ficou na mesma porque quase tudo ficou pior,  mostrando que nada aprendemos com uma pandemia que tantos milhares de vida ceifou e tantas sequelas deixou, em tão pouco tempo.

As últimas notícias dão conta de que o ano de 2024 deverá tornar-se o mais quente desde que há registos. Não se trata apenas de mais um recorde, mas de condições meteorológicas que prejudicam as pessoas, que se traduz em mais miséria em todo o mundo, o que leva cientistas do clima a afirmar que “As alterações climáticas estão a tornar-se demasiado óbvias e demasiado dispendiosas para serem ignoradas”. Mas,  infelizmente, como vimos na COP29, a última Cimeira do Clima das Nações Unidas recentemente realizada, o compromisso assumido pelos Estados ricos é insuficiente para travar o agravamento das condições que estão a acentuar as alterações climáticas, o que mostra que os líderes mundiais continuam a ignorar os seus efeitos.

Mas se é este o descontrolo que existe a nível do clima, a situação a nível dos conflitos nalguns países ou entre países não é melhor, contribuindo – e de que maneira! -, para o agravamento daquele. A instabilidade que se regista em muitos países e regiões, com as guerras na Ucrânia e no médio Oriente, agora agravada com a revolta na Síria, para só falar nas situações mais próximas, faz adensar o risco de uma nova guerra mundial, que alguns dizem já ter começado.

Mas aquela instabilidade não não se manifesta apenas pelas guerras, embora estas sejam as suas consequências mais graves. Manifesta-se também através das crises políticas, tantas vezes associadas a crises financeiras, económicas e sociais. Os últimos tempos têm sido férteis em acontecimentos que não nos podem deixar de preocupar, pelas repercussões que não deixarão de ter a situação mundial.

A Alemanha e a França têm-se mostrado incapazes de encontrar soluções políticas, que lhes permitam ganhar estabilidade e retomar os níveis de crescimento económico que fizeram desses países os motores da Europa, com impacto nos restantes países.

Em Moçambique e na Geórgia aos oposições não reconheceram os últimos resultados eleitorais e têm promovido manifestações, que têm sido reprimidas pelos respectivos governos, com muitos mortos e prisões. Na Roménia as eleições presidenciais foram anuladas, devido a suspeitas de intervenções exteriores que poderão ter condicionado os resultados da primeira volta.

Na Coreia do Sul o Presidente impôs a lei marcial devido ao que apelidou de “forças anti-Estado” simpatizantes da Coreia do Norte, tendo sido obrigado a revogar a ordem, cerca de seis hora depois, perante um descontentamento generalizado. Seguiu-se uma tentativa de destituir o Presidente, igualmente falhada, porque os deputados do seu partido sabotaram a votação, abandonando o Parlamento.

Muitos outros exemplos poderiam ser apontados, mas estes são suficientes para confirmarem que efectivamente “o Mundo parece estar um pouco louco” e que quem o governa parece não estar melhor. E com a agravante de não faltarem sinais de que pode ficar ainda pior.

Até para a semana!                                                                                 LG, 10/12/2024

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