Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 09/12/2025

Marco Abundância 09/12/2025

Hoje terça-feira é dia da crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Imigrantes

Portugal é um dos países com população mais envelhecida e com menos jovens, em resultado da quebra progressiva e significativa da natalidade. Nos últimos anos, essa realidade veio a acentuar-se progressivamente, passando a haver falta de mão-de-obra em muitas actividades económicas e sociais.

Essa escassez de mão-de-obra foi durante anos tempo imputada às pessoas que não queriam trabalhar e preferiam viver com o rendimento mínimo garantido e outros apoios do Estado. Mas a realidade acabou por impor-se às percepções criadas e fomentadas pelos que se recusam a encarar a realidade, por motivos ideológicos.

Quando a falta de mão-de-obra começou a criar problemas não apenas às famílias, que dela precisavam para resolver problemas domésticos, mas também às empresas, que passaram a não conseguir assegurar respostas ao nível da procura e das necessidades, face ao crescimento económico e maior oferta de serviços sociais, a realidade impôs-se àquelas percepções, tal como a necessidade de recorrer a mão-de-obra imigrante.

Esta falta de mão-de-obra acentuou-se a seguir à pandemia do Covid 19, com o retomar das actividades, com grandes financiamentos de fundos comunitários.

Esta realidade, a par do atraso económico, salários baixos, muita pobreza e, nalguns casos também, conflitos armados e insegurança, levou a que grandes contingentes de trabalhadores saíssem dos seus países à procura de trabalho com melhores condições e mais direitos, que lhes permitisse ter acesso a uma vida melhor. E, tentando também assegurar uma vida melhor às suas famílias, para quem enviam todas as poupanças que conseguem fazer, na maioria das vezes, à custa de inúmeros sacrifícios que fazem, por vontade própria ou fruto das circunstâncias em que caem.

Muitos desses trabalhadores imigrantes, apesar das qualificações e competências de que dispõem, obrigam-se a desempenhar trabalhos menos qualificados e mais mal pagos, para que não existe mão-de-obra portuguesa disponível, como forma de conseguirem emprego e rendimento que lhes permitam alcançar os seus objectivos.

Estes imigrantes chegam ao nosso país em grupos, são maioritariamente homens, quase todos jovens, muitos deles bem diferentes de nós na fisionomia, na maneira de vestir e de outros hábitos e costumes, cultura e religião.

Nalguns casos chegam até nós, trazidos por máfias, a quem pagaram com os fracos recursos que conseguiram juntar, que lhes prometeram o “paraíso” e que, uma vez cá chegados, se vêem atirados para o “inferno”.

Nem sempre conseguem o emprego e o contrato que lhes prometeram, ficando nas mãos de máfias que os controlam totalmente, retendo os seus documentos, obrigando-os a pagar-lhes para tudo, desde o trabalho até ao alojamento e à alimentação. São metidos, como se de animais se tratassem, amontoados em alojamentos sem o mínimo de condições para acolher pessoas, que os obrigam a passar todo o tempo disponível na rua, circulando em grupos, como forma de se sentirem mais seguros.

É esta a situação em que vivem muitos imigrantes, que, se a ela acrescentarmos o facto de, entre eles, poder terem vindo alguns que não são boa gente, a par da animosidade que têm fomentado contra eles, é fácil de compreender o “caldinho” que está criado e que gera a percepção de insegurança, que os números não comprovam.

Esta é a realidade, não só do nosso país como de quase todos os europeus e outros. Em Portugal é mais grave, porque, como disse no início, é um dos países com população mais envelhecida, menos jovens e maior quebra da natalidade.

Curiosamente, o país que está à nossa frente nesses indicadores, é a Itália, cujo governo actual fez uma campanha a gritar por “portas fechadas”, recusando-se a ver que sem imigração não há economia e muito menos pensões, e está agora aflito porque não tem quem cuide dos idosos, quem trabalhe na construção civil, na hotelaria, na agricultura e mantenha o país de pé, e, perante o colapso do sistema, é, ironia dos tempos, agora obrigado a abrir a porta de quem sempre desprezou.

Talvez possa ser um bom exemplo para quem, em Portugal, defende as mesmas políticas e práticas, incluindo os que estão no governo e em maioria no Parlamento.

Até para a semana!                                                                                 LG, 09/12/2025

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