Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 07/10/2025
Marco Abundância 07/10/2025
A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.
E depois das eleições?
Na segunda e última semana de campanha eleitoral e a poucos dias da votação, saber quem vai ganhar e quais novas as composições dos órgãos autárquicos é a questão que se coloca – quem nos vai governar, em que condições e como.
Esta questão aconselha alguma moderação no confronto eleitoral, porque, pelo menos nalguns casos, face à distribuição dos votos, os adversários nesta disputa eleitoral vão ter de se entender e cooperar para viabilizar o normal funcionamento das autarquias.
Parece que nem todos percebem isso, face à agressividade que tem dominado algumas campanhas eleitorais, com candidatos e respectivas hostes a acusarem-se uns aos outras por tudo e mais alguma coisa.
É neste quadro que surgem os apelos ao voto útil, tentando atrair os votos de outros concorrentes com que não quiseram ou não conseguiram entender-se na apresentação das candidaturas, acusando-se mutuamente desse falhanço.
Muitas vezes, o apelo ao voto útil é feito numa perspectiva meramente aritmética, de de captar potenciais votos noutros concorrentes, com o argumento de que, se tal não acontecer, o risco de outros ganharem será maior.
Ou seja, a questão do voto útil, muitas vezes, não é colocada em termos programáticos, tentando convergências de propostas, que é o que mais interessa, mas apenas como meio para juntar votos e ganhar as eleições, convencendo eleitores a mudar o sentido do seu voto para evitar males maiores.
O argumento que é mais usado, e que é verdadeiro, é o de que o presidente da Câmara ou da Junta de Freguesia será o candidato da lista mais votada, mesmo que tenha menos votos do que a soma de votos de outras listas.
Ou seja, as listas derrotadas, por mais votos que tenham em conjunto, não elegem o presidente, que tem vindo a ganhar poder e competências que eram, dantes, do órgão autárquico a que preside.
E este argumento acaba, quase sempre, por ter algum sucesso para quem o utiliza.
Nos municípios de Alvito, Cuba e Vidigueira, do Distrito de Beja, e de Portel e Viana do Alentejo, do Distrito de Évora, que integram a AMCAL, há dois – Cuba e Portel -, que, independentemente dos resultados eleitorais, vão mudar de presidente, por terem atingido o limite de mandatos.
Por isso, é natural que existam maiores expectativas de também as respectivas maiorias poderem mudar, embora existam outras circunstâncias que poderão contribuir para eventuais mudanças noutros municípios.
Em Alvito, a candidatura do Movimento Independente, liderado pelos presidentes das juntas de freguesias, uma da CDU e outra do PS, e que conta com o apoio do PSD, e a novidade da candidatura do Chega, que ganhou as eleições legislativas, tornaram a situação mais complexa e os resultados eleitorais mais imprevisíveis, embora o PS tenha ganha as últimas eleições autárquicas com mais 204 votos do que a CDU.
Em Cuba, a saída do actual presidente da Câmara, da CDU, a candidatura do antigo presidente do PS, animado com a vitória do seu partido nas legislativas, a novidade da candidatura do Chega e a candidatura da AD, animada com as vitórias nas eleições legislativas no País, aumentam as incertezas quanto ao resultado, embora nas últimas eleições autárquicas a CDU tenha vencido por mais de 500 votos.
Em Vidigueira, a não candidatura do Movimento Independente, a novidade da candidatura do Chega, que ganhou as legislativas, e as novas candidaturas do PS e da AD, esperançadas na conquista dos votos do Movimento, aumentam as expectativas, embora a CDU tenha vencido as últimas autárquicas por mais de 770 votos.
Em Portel, a saída do actual presidente, a perda de 346 votos e de um vereador do PS em relação às anteriores autárquicas, e a novidade da candidatura do Chega, fazem aumentar as expectativas eleitorais, embora a CDU nas últimas autárquicas tenha ficado a 701 votos do PS.
Em Viana do Alentejo, a vitória da CDU nas últimas autárquicas apenas com mais 132 votos do que o PS, a candidatura do Chega, que ganhou as legislativas, e a candidatura da AD, animada com os resultados das legislativas, aumentam as dúvidas e incertezas quando aos resultados nestas eleições.
Enquanto nos concelhos de Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira têm alternado o PS e a CDU, com o Movimento Independente a baralhar as contas nas últimas duas eleições autárquicas em Vidigueira, no de Alvito o eleitorado tem-se revelado mais fragmentado e com maior predisposição para a mudança, tendo tido maiorias do PS, da CDU e da AD, que não concorre a estas eleições.
Apresentadas as candidaturas e com poucos dias para apresentarem os últimos argumentos para conquistar votos, aguardemos para ver se as eleições de Domingo provocam outras mudanças nestes concelhos, para além das dos presidentes em Cuba e Portel, por terem atingido o limite de mandatos.
Bom resto de campanha eleitoral! Até para a semana!
LG, 07/10/2025