Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 02/01/2024
Marco Abundância 02/01/2024
A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.
Os meus desejos para 2024
O novo ano, que ontem começou, vai ser complexo e difícil, podendo ser um ano de viragem, embora se colocando muitas dúvidas em que sentido será esta viragem, se ela efectivamente se concretizar. E isto porque, para além de muitas outras dúvidas que se podem colocar, vão-se realizar muitas eleições, algumas das quais, pelo que representam, podem ter um grande impacto na definição do nosso futuro colectivo, designadamente as que se realizam na maior potência do planeta (EUA), no país mais populoso (Índia), no país mais extenso (Rússia), no maior bloco comercial do mundo (União Europeia), na maior economia africana (África do Sul), na maior nação muçulmana (Indonésia). Mas também em Portugal, onde, para além das eleições europeias, vamos ter eleições regionais nos Açores e para a Assembleia da República, muito será decidido nelas.
Assim, mais do que previsões sobre o que poderá ser o novo ano, formulo os meus desejos sobre o que gostava que 2024 trouxesse: Paz, Saúde, Educação, Habitação, Justiça, Desenvolvimento, Coesão, Igualdade, controle Climático, defesa do Ambiente e Resultados Eleitorais que viabilizem soluções governativas progressistas.
O meu maior desejo é o de que se consiga encontrar soluções para os conflitos, que ponham termo às guerras e permitam construir uma Paz duradoura. Para que tal possa acontecer será necessário inverter políticas actuais que alimentam as guerras, a começar pela redução dos orçamentos da Defesa e do fabrico de armamento.
A Saúde deve ser assegurada a todos os cidadãos, independentemente das suas condições económicas, sociais, de origem. Todos os que necessitam de assistência médica e medicamentosa devem tê-la. Esta deve ser a primeira prioridade dos Estados na aplicação dos dinheiros arrecadados dos impostos cobrados.
A Educação deve servir como elevador social, devendo para tal serem criadas todas as condições de acesso e frequência da Escola a todos, o que exige, para além de bons currículos e de professores qualificados e instalações e equipamentos adequados, transporte, alimentação e alojamento a todos os que deles careçam.
Que se comece a caminhar para a concretização da promessa de que todos tenham habitação, o que, para além da aceleração da reabilitação e construção de habitações, necessita da maior disponibilização de solos adequados e um maior controle do valor das rendas e dos juros dos créditos à habitação.
A Justiça tem de ser administrada de forma a ser justa, o que deverá implicar controle do segredo de justiça, maior respeito pela presunção de inocência, maior rigor na detenção de presumíveis criminosos, maior celeridade dos processos e redução da disparidade da facilidade com que se acusa e da dificuldade em condenar.
Que seja acelerado o crescimento económnico e que a riqueza produzida seja melhor distribuída, para que haja um verdadeiro desenvolvimento, o que exige políticas fomentadoras do investimento, um sistema fiscal mais justo e uma maior valorização e dignificação do trabalho.
Uma maior aposta na coesão territorial, económica e social, reduzindo as enormes assimetrias existentes, resultantes de políticas erradas com elevados custos para o país e para as pessoas, que, mais do que medidas simbólicas, exige políticas e medidas efectivas e urgentes.
Também uma maior aposta na igualdade, no combate à pobreza e às diversas discriminações e à promoção da inclusão de género, de deficientes, de imigrantes e de todas as minorias, combatento e contrariando o que alguns vêm defendendo, aproveitando-se de sentimentos mais básicos da população, descontente com situações resultantes de más políticas ou da inexistência de políticas adequadas.
O Clima tem vindo a sofrer alterações significativas, com efeitos negativos cada vez mais evidentes, que reclama políticas, programas e acções concretas e urgentes, sendo de todo desaconselhável deixar para amanhã o que já devia ter sido feito.
O Ambiente deve ser mais respeitado, quer na preservação de espécies em vias de extinção ou ameaçadas, quer na recuperação de áreas degradadas, quer ainda da substituição de fontes de energia fósseis por renováveis, como forma de assegurar o futuro do planeta e a sustentabilidade das diversas actividades humanas.
A concretização de todos os desejos apontados, como de outros, dependerá, em larga escala, dos resultados dos inúmeros actos eleitorais que se vão realizar neste ano e para os quais será chamada a votar mais de metade da população mundial.
No caso de Portugal, tal como da generalidade dos países, não serão só os resultados das eleições internas que terão impacto no nosso futuro colectivo. As eleições europeias ou nos EUA, nomeadamente, não deixarão de provocar ondas de choque no nosso país.
No ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril e em que a Democracia nunca esteve tão ameaçada, cá como em tantos outros países, seria importante que a evocação daquela data e, principalmente, do antigo regime nela derrubado, contribuísse para o combate ao branqueamento da ditadura e do estado para que ela arrastou o País, que muitos insistem em promover. É preciso ter memória, tal como é necessário respeitá-la.
Desejo a todos um próspero Ano Novo, com tudo o que mais desejarem, com respeito pelos outros. Até para a semana! LG, 02/01/2024