Crónica de Opinião – 25//11/2025

Marco Abundância 25/11/2025

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Portugal continua sem resolver os principais problemas das pessoas

Como muito assertivamente nos alertou Sérgio Godinho, na sua cantiga Liberdade, “só há liberdade a sério quando houver / A paz, o pão / habitação / saúde, educação”. E eu acrescentaria o trabalho para os que têm idade e condições para o exercer.

São esses os factores que mais decisivamente contribuem para a qualidade de vida e a segurança das pessoas, pelo que não é de admirar que tanta gente se sinta mal por não ter as condições básicas para ter uma vida digna.

A paz é uma miragem em muitos países e tememos que também a nossa, no nosso País, possa estar ameaçada. Se o que mais contribui para esse receio é guerra na Ucrânia, porque é na Europa, e a guerra em Gaza, pela crueldade das imagens que nos chegam, importa não ignorar outras guerras e conflitos armados que, para além das inúmeras vítimas que provocam, geram contingentes de refugiados e contribuem para acentuar a insegurança em todo o mundo.

O pão continua a faltar a muitas pessoas, apesar de terem trabalhado toda a vida ou de trabalharem ainda. É revoltante e indigno que pessoas que trabalham não consigam garantir às suas famílias as condições básicas para terem uma vida digna. Se isto acontece com quem trabalha… com fome vão sobrevivendo os que não têm trabalho.

Como é possível que em pleno século XXI e integrando o clube dos países mais desenvolvidos, haja tantos portugueses sem o direito à habitação assegurado? Jovens demoram a sair da casa dos pais e a constituir família porque não conseguem ter casa. Trabalhadores, apesar de terem emprego, não têm rendimento para ter acesso a uma habitação digna. Reformados que, depois de uma vida de trabalho, são despejados ou não conseguem ter casa porque a pensão não chega. Mães solteiras que são obrigadas a viver em quartos. E tantas e tantas outras pessoas que nem sequer têm abrigo.

Uma sondagem, que revelou que apenas 28% dos inquiridos considera que Ana Paula Martins se deve manter ministra da Saúde e 58% defende que deveria abandonar o cargo que ocupa desde abril de 2024, evidencia como os portugueses se sentem frustrados pela não concretização da promessa eleitoral do PSD, de que melhoraria em pouco tempo as respostas do Serviço Nacional de Saúde às necessidades dos portugueses. E têm razão para se sentirem frustrados, porque a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde às suas necessidades não só não melhorou como nalguns casos se agravou, como os indicadores de saúde têm revelado.

Na educação, apesar das mesmas promessas de sempre, enquanto continuamos a não ter creches para todas as crianças, a ter alunos sem professores, escolas sem condições e equipamentos necessários, o governo achou que era prioritário fazer alterações no currículo da disciplina da cidadania por mera opção ideológica.

Quando se esperava que, face à situação do mercado de trabalho, o governo quisesse introduzir alterações no código do trabalho para valorizar este e dignificar os trabalhadores, através da melhoria das condições salariais e de trabalho, capazes de fixar e atrair os melhores em vez destes emigrarem, e de facilitar a vida dos pais que trabalham como incentivo à inversão da quebra demográfica, eis que o governo faz precisamente o contrário, provocando os trabalhadores com um pacote de alterações todas lesivas dos seus direitos e, como se tal não fosse já demasiado mau, perniciosas para a economia nacional, que não terá grande futuro se continuar a assentar em mão-de-obra pouco qualificada, com baixos salários  e poucos direitos.

Na cantiga, Sérgio Godinho concluía que “Só há liberdade a sério quando houver / Liberdade de mudar e decidir / quando pertencer ao povo o que o povo produzir”.

Como podemos verificar pelo que acabei de dizer e pelo que sentimos no dia-a-dia das nossas vidas, estamos ainda muito longe de termos Liberdade a sério.

Continuamos a ter guerras que destroem países, matam e ferem milhares e milhares de jovens que para elas são atirados como “carne para canhão” e fazem inúmeras vítimas civis indefesas, e vemos o mundo cada vez mais inseguro e em que a paz não passa de uma miragem.

Em vez de consolidarmos e reforçarmos as inúmeras conquistas civilizacionais, somos brindados com cada vez mais retrocessos nos direitos humanos e do trabalho, para satisfazer a ganância dos poucos que mais têm e querem ter cada vez mais, à custa do aumento das desigualdades e das exclusões sociais.

Estamos a viver tempos difíceis que exigem resposta dos afectados e dos ameaçados pelas políticas que insistem em prosseguir e agravar. É essa resposta que as centrais sindicais estão a dar com a greve geral. Que isso saibam entender os trabalhadores.

Até para a semana!                                                                              LG, 25/11/2025

 

 

Vidigueira Informação

A atualidade informativa do dia.

Mais informações


Opnião dos Leitores

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados com *




Rádio Vidigueira

Rádio Vidigueira

Faixa Atual

Título

Artista

Background
WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE