Crónica de Opinião – 05/03/2024

Marco Abundância 05/03/2024

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Esquerda e direita

Apesar de cada vez mais pessoas, designadamente jovens, afirmarem que não se reveem na divisão política entre esquerda e direita, esta foi uma das campanhas eleitorais em que se falou mais em esquerda e direita e em que as forças políticas  candidatas às eleições de 10 de Março mais claramente assumiram de que lado estão.

Apesar de existirem áreas, como a do ambiente, em que as pessoas podem ter posições semelhantes, independentemente da opção política ser de esquerda ou direita, esta divisão política-ideológica parece ainda fazer todo o sentido.

Senão vejamos. Quando alguém defende que só a iniciativa privada tem capacidade de gestão e que, por isso, tudo deve gerir, é conotado com a direita, enquanto quando alguém defende que sectores determinantes para o País devem ser geridos ou controlados pelo Estado ninguém tem dúvidas em afirmar que é de esquerda.

Para além da defesa de uma maior intervenção do Estado, mesmo na economia, uma mais justa distribuição da riqueza produzida, a valorização do trabalho e a dignificação dos trabalhadores, incluindo dos reformados, o combate à pobreza, a participação e a inclusão, serviços públicos de saúde, educação e outros gratuitos, enfim, a garantia e reforço do Estado Social são claramente objectivos da Esquerda.

Para além da defesa da gestão privada de todas as actividades que possam dar lucro, o crescimento económico, a competitividade, a produtividade, a redução de impostos das empresas, o Estado reduzido ao mínimo, a resistência à atribuição de apoios sociais, o abandono à sua sorte de todos os excluídos, os trabalhadores tratados como meros factores de produção são temas claramente ligados à direita.

Para além dos temas que a esquerda e a direita privilegiam, há ainda a intensidade com que, dentro de cada um dos lados, cada força política os defende. Das posições de princípio até à sua concretização vai uma longa distância. E é a urgência e a priorização e, também, a forma da sua concretização que justifica a existência de cada vez mais partidos à esquerda e à direita, embora, nalguns casos, a sua criação possa ser justificada por outras razões e motivações.

Traumatizados pela recente má experiência da maioria absoluta, é natural que os eleitores não queiram cair noutra, o que poderá levar a uma maior divisão de votos pelos diferentes partidos, não concentrando tanto os votos no PS e na AD, de forma a obrigar os partidos a um maior diálogo e concertação.

Nesse sentido, os debates realizados poderão ter contribuído para essa maior fragmentação do eleitorado, pela oportunidade que deram aos líderes dos outros partidos, para além dos do PS e da  AD, de ganharem maior protagonismo e credibilidade, através da divulgação das políticas e das medidas que defendem, assumindo-se como partidos de proposta e não apenas de protesto.

O PS e a AD, como era de esperar, usam e abusam de todos os estratagemas para apelar ao voto útil neles, como forma de derrotar o outro. E, à medida que nos aproximamos da data das eleições, mais insistirão nessa estratégia, dramatizando o que poderá acontecer a seguir às eleições se houver dispersão de votos.

Ora, para além do risco de uma nova maioria absoluta que muitos não quererão correr, também o voto útil, mesmo na perpectiva da formação de uma maioria parlamentar que suporte um governo, não tem necessariamente de ser naqueles partidos. Depende muito das circunstâncias de cada círculo eleitoral.

Se nos grandes círculos, em que muitos dos partidos concorrentes poderão eleger deputados, o voto útil poderá ser em qualquer um deles, devendo a escolha ser feita em função de se pretender que ganhe a esquerda ou a direita, já nos círculos mais pequenos, em que se elegem menos deputados, o voto útil será certamente nos que poderão ter mais possibilidades de ser eleitos.

Quer num caso quer noutro, para além da perspectiva quantitativa da formação de uma maioria na Assembleia da República, coloca-se também a perspectiva qualitativa, ou seja, a da composição relativa dessa maioria poder contribuir de forma mais ou menos acentuada para a concretização das suas políticas e medidas.

No próximo Domingo, ficaremos a saber quais as escolhas dos eleitores e como eles pretendem que Portugal seja governado, com que políticas, com que leis, com que medidas e com que ritmo. Até para a semana!                                      LG, 05/03/2024

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