Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 17/10/2023

Marco Abundância 17/10/2023

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

As diplomacias estão a falhar?

Temos vindo a assistir a um crescente de conflitos entre países e a uma maior instabilidade a nível mundial, o que parece indiciar falhanços das diplomacias. Em vez destas conseguirem fazer o seu papel de criarem e manterem pontes, não têm conseguido evitar situações de conflito de consequências imprevisíveis, mas mais ou menos graves e sempre penosas para os que vivem com maiores dificuldades.

A guerra na Ucrânia, que já dura há mais de um ano e meio, e agora, novamente, mais outra guerra no Médio Oriente revelam essa incapacidade ou falta de vontade de usar a diplomacia como via prioritária e determinante para resolver conflitos latentes, permitindo que desemboquem em guerras sem fim à vista e de consequências, mais ou menos, dramáticas, com perda de vidas e traumatismos diversos de milhares de inocentes, para além dos directamente nelas envolvidos e de impactos na estabilidade da ordem mundial, aos diversos níveis.

A evolução da tensão crescente, desde 2014, em territórios russófonos da Ucrânia, não foi travada pela via diplomática e culminou na invasão deste país pela Rússia. Apesar de durar já há mais de um ano e meio, poucas, e sem sinais positivos à vista, têm sido as diligências diplomáticas feitas para criar condições para um cessar fogo e encetar as negociações para o estabelecimento da paz. Em vez dessa diligências as partes e quem as apoia têm-se mostrado mais interessadas num escalar da guerra através do crescente das tropas e do armamento e outros meios nela usados.

A tensão permanente criada no Médio Oriente com a ocupação de territórios e reconhecimento do Estado de Israel e o não reconhecimento do Estado da Palestina, apesar da decisão da ONU – Organização das Nações Unidas nesse sentido, tem provocado vários conflitos armados e guerras entre as duas nações. O não reconhecimento da Palestina como Estado e a manutenção de campos de refugiados, que mais parecem campos de concentração, tendo em contra as condições infra-humanas em que neles vivem as pessoas, têm facilitado o aparecimento de movimentos, quase sempre com braços armados e fortemente financiados, o que faz crescer ainda mais a instabilidade na região. Também aqui, as diplomacias, não só dos dois lados directamente envolvidos mas também dos países que os apoiam, mostraram não ser capazes ou não terem vontade de evitar mais uma guerra de consequências verdadeiramente devastadoras.

As diplomacias, quer as dos países, quer as de instâncias supranacionais, parecem adormecidas ou, mesmo, incapazes de desenvolver com sucesso o seu papel. Os dois casos que referimos são apenas dois exemplos dos muitos que podiam ser apresentados reveladores dessa ineficácia.

A ONU, que devia ser o principal fórum para o concerto das nações, tem vindo a perder capacidade de intervenção, fruto da falta de investimento financeiro, e diplomático também, por parte de diversos países, a começar logo pelos Estados Unidos da América, que no mandato de Donald Trump reduziu ou suspendeu as suas comparticipações financeiras. E, por mais denúncias e apelos que o seu secretário-geral, o português António Guterres, faça, parece que ninguém lhe liga, a começar pelos que mais responsabilidades têm.

A NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte tem vindo a assumir-se, cada vez mais, como o braço armado dos Estados Unidos da América, reservando-se os restantes países, designadamente os da União Europeia, a uma posição subserviente e seguidista daquela superpotência. E, em vez de assumir um papel de defesa, conforme os princípios para que foi criada, a NATO parece mais um promotor de vendas de armamento, incentivando o reforço significativo e progressivo dos orçamentos da defesa dos países que a integram.

A própria Igreja Católica, que foi chamada a intermediar diversos conflitos, não é ouvida nos frequentes e repetidos apelos de paz feitos pelo Papa Francisco e, muito menos, aceite como mediadora diplomática para tentar reencontrar vias para o restabelecimento do diálogo, como primeiro passo no caminho para a paz. Parece já não ter a capacidade de influenciar os seus seguidores nessa missão tão nobre.

E é assim, com guerras e outros conflitos armados actuais e outros latentes, que podem ser gerados por tensões existentes em diversos pontos do Globo, a par de uma crise climática que não para de se agravar, que a Terra está a tornar-se cada vez mais num sítio perigoso para nela vivermos. Mas, porque é o único que temos, devíamos tratá-lo melhor e fazermos mais por nos entender-nos uns aos outros.

Pensem nisso. Até para a semana!

LG, 17/10/2023

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