Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 10/10/2023

Marco Abundância 10/10/2023

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

António Costa diz que a ele lhe compete fazer mas não faz

Quando é solicitado a comentar qualquer declaração do Presidente da República, António Costa costuma dizer que a ele, enquanto primeiro-ministro, lhe compete fazer, enquanto outros falam. E também já tem salientado a sua preferência por funções executivas. Importa, a propósito, lembrar que deve ser o político com funções executivas durante mais tempo desde o 25 de Abril.

Mas, se António Costa reconhece que lhe compete fazer, naturalmente através do seu governo e da administração pública, porque não faz o que é preciso, ou na medida em que é preciso?

A entrevista que deu à TVI, na semana passada, mostrou bem o político que é António Costa. Um político experiente – para além de dirigente partidário, foi autarca, deputado, ministro de várias pastas e primeiro-ministro há já oito anos -, e de verbo fácil, o que lhe permite falar com à vontade sobre os mais diversos assuntos, tendo sempre explicação para tudo. E, sob esse ponto de vista e para os menos atentos ou mais convencidos, a entrevista correu-lhe bem, porque ainda por cima não usou da habitual sobranceria.

Mas, ouvindo e analisando a entrevista com mais atenção e espírito crítico, consegue-se perceber que muitas das explicações que dá para o que tem corrido mal ou menos bem nada ou pouco justificam porque não fez mais e melhor. Talvez o problema que ilustra melhor o que acabei de afirmar, seja o da habitação. António Costa garantiu quando, há oito anos, assumiu a liderança do governo que tinha como um dos seus maiores objectivos que quando se assinalasse o 40º aniversário do 25 de Abril não houvesse portugueses sem casa, valorizando dessa forma o direito à habitação consagrado na Constituição da República Portuguesa. Ora, não só esse objectivo não vai ser garantido como o número de famílias sem casa ou em risco de ficarem sem ela, por não terem condições para suportarem os valores da renda ou da prestação do empréstimo aumentou, com especial significado com a inflação. E perante isto que explicações deu o primeiro-ministro? – Que foi necessário construir a casa desde as fundações, ou seja, definir e fazer aprovar políticas, planos e acordos com as autarquias e assegurar o financiamento, o que só agora foi conseguido. Será que estas explicações justificam o facto de nada ter sido feito em oito anos? Então António Costa, com toda a sua experiência, conhecimentos e traquejo político não sabia que tudo isso levava tempo? E não teria sido possível encurtar o tempo gasto com toda essa preparação? E desconhece ele que um estudo recentemente divulgado aponta para mais de oitenta mil famílias sem casa e que o governo prevê apenas a disponibilização de menos de trinta mil? E será que, de repente, aumentou assim tanto a falta de casas ou o que aumentou de forma significativa foi o acesso às mesmas, devido às dificuldades das famílias suportarem as rendas e prestações, para além da mudança do uso de muitas habitações para outros fins? Parece-me que, para além de António Costa se ter esquecido da promessa que fez, os seus governos não deram a devida atenção a este grave problema que afecta tantas famílias e que continuam mais preocupados em anunciar muitas medidas, algumas delas de aplicação mais do que duvidosa, de forma a irem gerindo e alimentando expectativas.

Este é apenas um exemplo de como António Costa explica tudo mas justifica pouco as falhas da sua governação. O que dizer da situação crítica na Saúde e na Educação, face à aposentação de muitos dos seu profissionais, para além de muitos outros problemas? Desconhecia o primeiro-ministro que isso ia acontecer? Que medidas tomou para apressar a formação e colocação de novos profissionais? O que se tem vindo a passar, com o agravamento progressivo das condições nos estabelecimentos de saúde e de educação mostram também bem a pouca atenção e desvalorização dessas áreas, fundamentais para as pessoas e progresso do país, que António Costa e os seus governos lhe deram.

Como forma de fazer face ao aumento do custo de vida, resultante da inflacção, os trabalhadores, através dos seus sindicatos, reclamaram aumentos mais significativos dos salários, designadamente do Salário Mínimo Nacional, do que o previsto no acordo de concertação social celebrado no ano passado por parte dos parceiros. O que fez, mais uma vez o governo do PS? Os sindicatos da UGT pediram um reforço de vinte euros do aumento previsto para o Salário Mínimo Nacional e o governo, com a cumplicidade da UGT e de parte dos parceiros económicos, acordou fixar aquele aumento em dez euros, com as habituais declarações de, com essa medida, estar a ir além do que estava acordado e que, com ela – mais dez euros! -, estava a coontribuir para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores…

António Costa e os seu governos têm usado mesinhas para atacar os grandes males. Ora, e tendo conseguido equilibrar a finanças públicas, exigia-se, para além de diagnósticos correctos, tratamentos adequados e oportunos. Não é com mesinhas que se atacam os grandes males nem com migalhas que se respeitam os trabalhadores e se dignifica o trabalho. E esta tem sido a prática reiterada dos governos de António Costa. E é aqui que têm falhado. E já lá vão oito anos!… Será que ainda vai a tempo?

Até para a semana!

LG, 10/10/2023

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