Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 08/07/2025
Marco Abundância 08/07/2025
Começou a época de saldos de promessas eleitorais autárquicas
Estamos a três meses das eleições para as autarquias locais. Desta vez, algumas candidaturas estão mais atrasadas devido às eleições para a Assembleia da República, que se intrometeram na preparação das autárquicas.
Embora já sejam conhecidos os principais candidatos dos partidos com maior implantação de organizações locais, os restantes, que não têm essa implantação ou têm uma organização mais centralizada, estão ainda um pouco atrasados na divulgação dos seus candidatos.
De qualquer maneira, a época de saldos de promessas eleitorais para as autarquias já começou há muito, tendo inclusivamente, em muitos casos, se cruzado com a época de saldos de promessas eleitorais para a Assembleia da República e o mesmo se irá passar com a época de saldos eleitorais para a Presidência da República.
Como podemos verificar, não será por falta de saldos de promessas eleitorais que deixaremos de votar. A dificuldade maior será a de escolher as que se apresentam com melhores condições de nos servir. Muitas vêm de eleições passadas e outras não dão a mínima garantia de que não se rompam logo a seguir às eleições, como temos vindo a assistir.
As forças políticas que estão no poder e os seu candidatos apresentam promessas que já antes apresentaram e esquecem outras que antes apresentaram e não cumpriram e, em muitos casos, nem se dão ao trabalho de dar uma explicação por menos justificável que seja. E, como se isso não fosse suficiente, avançam com novas promessas, algumas delas sem qualquer garantia de as poderem concretizar.
As forças políticas que lutam por alcançar o poder – de novo ou pela primeira vez -, e os seus candidatos também não se fazem rogados. Prometem tudo e mais um par de botas, desde o que ouviram alguém dizer que seria bom que se fizesse até ao que acham que que as pessoas querem que se faça. E, nessa ânsia de corresponder o melhor que conseguem às expectativas das pessoas e porque o que mais importa é ganhar as eleições, ultrapassam ainda as promessas dos que estão no poder.
Podia ser diferente? Podia, mas não era a mesma coisa a que estamos habituados. Talvez, de tão habituados que estejam a estes saldos eleitorais, grande parte dos eleitores não estejam preparados para separar o trigo do joio, ou seja, escolher quem que lhes apresenta propostas fundamentadas e exequíveis, bem como a forma como o vai conseguir fazer, em vez de votar em quem tudo promete, sem fundamentar e sem dizer como vai fazer para executar.
Votar é escolher, tal como comprar também o é.
Quando vamos às compras nem sempre compramos o melhor, o de que mais precisamos. Muitas vezes, escolhemos o que está mais à mão, o que já conhecemos com receio de que o outro possa não ser melhor, o mais barato, o que a publicidade nos fez crer que é o que mais precisamos e é melhor.
E quando votamos também nem sempre o fazemos nos que mais garantias nos dão de poderem contribuir para melhorar as nossas condições e qualidade de vida pessoais e colectivas. Muitas vezes optamos por votar nos que em sempre votámos, porque estamos convictos de que são os que melhor podem governar ou por inércia. Outras vezes, desiludidos com os que em sempre votámos, por não conseguirem ganhar ou por não terem correspondido às nossas exopectativasquando estiveram no poder, optamos por votar noutros e, quantas vezes, não o fazemos pelos que mais criticaram os que estão no poder e mais prometem fazer, sem cuidarmos de avaliar bem a exequibilidade das suas promessas e a sua capacidade de as executarem.
Nestas situações de desilusão com os que em sempre votámos, o que mais queremos é mudar e não tanto para onde mudamos nem a garantia de que possam fazer mais e melhor. E, quando confrontados com a possibilidade de não fazerem mais e melhor, quantas vezes não respondemos que isso pouco importa, porque são todos iguais?
Mas na realidade não são todos iguais, embora as diferenças já tivessem sido maiores e mais evidentes. Por isso, nesta época de saldos eleitorais para as eleições autárquicas, importa concentrar-nos na avaliação das propostas que apresentam e, principalmente, dos candidatos e da garantia que estes e as respectivas forças políticas nos dão de, uma vez eleitos, trabalharem com seriedade, honestidade, competência e dedicação para servirem o melhor que puderem os seus territórios e populações.
Até para a semana!
LG, 08/07/2025