Crónica de Opinião – Lopes Guerreiro – 07/05/2024

Marco Abundância 07/05/2024

A crónica de opinião de Lopes Guerreiro.

Eleições para o Parlamento Europeu ou segunda volta das eleições para a Assembleia da República?

As eleições para o Parlamento Europeu vão-se realizar daqui a um mês, no dia nove de Junho. Dezassete partidos e coligações concorrem em Portugal aos 21 lugares dos 720 eurodeputados.

A campanha eleitoral já está na rua, mas não começou da melhor maneira. As televisões voltaram a apresentar o mesmo modelo de debates usado nas últimas eleições legislativas nacionais, com frentes-a-frentes entre todos os cabeças de listas dos partidos com representação parlamentar, mas o PSD e o PS recusaram.

Ou seja, um modelo que tanto sucesso teve, quer pelo debate de ideias propriamente dito que permitiu, quer pelo contributo que deu para a mobilização dos eleitores, foi agora recusado pelos dois maiores partidos com o argumento de que os candidatos ficavam sem tempo para outras iniciativas eleitorais. Parece, como denunciaram os outros partidos, que querem esconder os seus cabeças de listas e evitar expô-los ao confronto com os outros. Haverá melhor forma de promover as suas candidaturas e divulgar as suas propostas do que estes debates nas televisões?

Por outro lado, esta campanha eleitoral corre o risco de se transformar na segunda volta das eleições para a Assembleia da República recentemente realizadas. Como acontece em quase todas as eleições europeias, os partidos tendem a discutir mais as questões nacionais do que as europeias. E isso vai agora acontecer ainda mais, porque os resultados destas eleições, mais do que nunca, poderão ter um impacto decisivo na evolução da situação política nacional, tendo em conta que o governo conta apenas com o apoio da mais pequena maioria relativa de sempre e que ainda não mostrou como vai conseguir governar.

O que está em jogo nestas eleições é muito importante porque, cada vez mais, são as políticas aprovadas pelo Parlamento Europeu a determinar o nosso modo de vida, nacional e pessoal.

Por isso, será importante que os debates a realizar possam ajudar a esclarecer que

Europa e que políticas europeias pretendem os vários partidos. Grandes questões como a paz e a segurança, a emergência climática, a nova ordem internacional e o relacionamento com outras geografias, a coesão e as desigualdades, a demografia e as imigrações, as prioridades sectoriais, a burocracia e a corrupção, a Internet, as redes sociais e a Inteligência Artificial, entre tantas outras, devem ser discutidas, de forma a que os eleitores possam usar o seu voto em função do caminho que acham mais adequado e não apenas em função das suas simpatias partidárias.

Não o fazer contribuirá, mais uma vez, para a abstenção, para o desconhecimento da União Europeia e dos seus propósitos, para os nacionalismos e o descrédito na própria construção europeia, que nem mesmo as várias intenções de alargamento conseguirão encobrir.

Mais do que nunca, com os nacionalismos e os populismos em crescendo, fruto da incapacidade da União Europeia responder satisfatoriamente aos inúmeros desafios que as emergências – climática, nova ordem internacional, paz e segurança, coesão e combate às chocantes desigualdades, natalidade -, colocam, a construção europeia tem de ser repensada, reinventada e recriada para recuperar e reforçar a crença de que este é melhor modelo para responder às aspirações e ambições dos povos.

A Europa tem de ser mais uma união de nações do que uma sociedade dos grandes interesses económicos, tem de se preocupar mais com as pessoas e investir mais nelas, para o que é imprescindível um combate às desigualdades e uma aposta mais forte na coesão de países, económica, social e ambiental.

Sem essa aposta, se a União Europeia continuar a assobiar para o lado, a não resolver os grandes problemas e a criar outros, a não satisfazer as necessidades e anseios das pessoas, poderá correr sérios riscos, criados pelas suas políticas e alimentados pelos que defendem os nacionalismos, dentro da lógica do dividir para reinar.

É para debater estas e outras questões que a campanha eleitoral deve ser usada. Os seus eventuais impactos na política nacional ver-se-ão depois. Será que os partidos serão capazes de o fazer? Se tal não acontecer ficaremos todos a perder.

Até para a semana!                                                                             LG, 07/05/2024

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